Eles não nos
deixam cantar, Robeson,
Meu canário de asas de águia,
Meu irmão negro de dentes de pérola.
Não nos deixam gritar as nossas canções.
Eles têm medo, Robeson,
Medo da aurora, medo de ver,
Medo de ouvir, medo de tocar.
Eles têm medo de amar,
Medo de amar como Ferhat amou, apaixonadamente.
(Decerto também vocês, irmãos negros,
têm um Ferhat, como lhe chamas, Robeson?)
Eles têm medo da semente e da terra,
Medo da água que corre,
Medo de se lembrarem.
A mão de um amigo
Que não queira desconto, nem comissão, nem moratória,
Nunca virá apertar-lhes a mão
Como um pássaro quente.
Eles têm medo da esperança, Robeson, medo da esperança!
Eles têm medo, meu canário de asas de águia,
Têm medo das nossas canções, Robeson...
Nazim Hikmet
(Tradução encontrada no Avante de 24 de Janeiro de 2002)
Legenda: pormenor da
capa do LP Apocalipsis dos Agua Viva
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