segunda-feira, 10 de março de 2025

MÚSICA PELA MANHÃ

TLP 007

FACE 1

Lisboa Meu Amor

Palavras
Cantar de Vivo para um Camarada Morto
Nocturno
Monólogo do Operário

FACE 2


Ruas de Lisboa

Balada do Medo
Canto Chão
No Silêncio da Espera
Amélia dos Olhos Doces

 

Poemas de Joaquim Pessoa

Músicas de Carlos Mendes

Arranjos e Direcção: Musical: Pedro Osório

Técnico de som: José Manuel Fortes

Capa: Artur Henriques

Editado em 1977

Produção de «Toma Lá Disco, SCARL»

 

Há dias, um viajante passou por este cais, gostou de voltar a ler o poema do Joaquim Pessoa «Lisboa, Meu Amor» e deixou o seguinte comentário.

«É dos poemas mais fantásticos que já li, um hino exuma epopeia em 20 ou 30 linhas.»

Este disco, que se chama «Canções de Ex-Cravo e Malviver», andou embrulhado num trabalho que se queria fazer para uma revista que não chegou a ver a luz de uma máquina-impressora de tipografia.

As melhores histórias são as que vêm do nada.

Lembra-se de, perante este disco, apetecer gastar toda adjectivação que os dicionários possuem.

Lembra-se dos pedidos de ajuda para dar a volta ao novelo complicado de encontrar palavras para tal tarefa. 

As melhores histórias são as que vêm do nada.

Lembra-se de um dos textos que recebeu:

«Pode gostar-se muito do que muito se desconhece? A resposta é SIM, e a prova é esse disco...

Confesso que pouco ou nada sei acerca dele. Não sei onde e por quem foi gravado, nada sei da autoria das músicas (penso que quase todas do próprio Carlos Mendes, mas sem nenhuma certeza...) e dos músicos de apoio e nem sequer o ano exacto de produção te posso garantir...

E, no entanto, é um dos discos de música portuguesa que mais gosto... Porquê? O coração tem razões que a razão desconhece.... Mas, racionalizando, haverá sempre dois ou três aspectos que poderão ser aqui evocados:

- Em primeiro lugar a belíssima poesia do Joaquim Pessoa, embora saiba que há quem discorde e o considere um mero "pastiche" do Ary dos Santos...;

- Em segundo lugar, a qualidade das músicas do Carlos Mendes e as composições foram feitas em verdadeiro "estado de graça". Poucas vezes a poesia portuguesa foi elevada a um nível tão alto como nessa obra e, como comparação, só me veem à memória as composições dos primeiros tempos do Manuel Freire, para os poemas do Barahona da Fonseca, do Carlos de Oliveira, do António Gedeão, ou as do Adriano para o Manuel Alegre;

- Em terceiro lugar, a própria escolha dos poemas. Numa época de muito "som e fúria", em que era fácil cair na tentação dos "amanhãs que cantam", sempre me tocou a opção emocional pela ternura e sensibilidade de muitos desses poemas: a "Amélia", o "Nocturno" e muitos outros que por lá andam;

- Finalmente - e de todos este é o aspecto mais subjectivo... - a Marta tinha uma pancada forte por música portuguesa e este também era um dos discos de que ela mais gostava. Talvez que, bem lá no fundo do meu subconsciente, eu também queira  guardar com algum calor esses tempos em que, no meio da conturbada amálgama de "pluie et de beau temps" que foi a nossa existência conjunta, ainda comíamos cerejas».

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