TLP 007
FACE 1
Lisboa Meu Amor
Palavras
Cantar de Vivo para um Camarada
Morto
Nocturno
Monólogo do Operário
FACE 2
Ruas de Lisboa
Balada do Medo
Canto Chão
No Silêncio da Espera
Amélia dos Olhos Doces
Poemas de
Joaquim Pessoa
Músicas de
Carlos Mendes
Arranjos e
Direcção: Musical: Pedro Osório
Técnico de som:
José Manuel Fortes
Capa: Artur
Henriques
Editado em 1977
Produção de «Toma Lá Disco, SCARL»
Há dias, um viajante passou por este cais, gostou
de voltar a ler o poema do Joaquim Pessoa «Lisboa, Meu Amor» e deixou o
seguinte comentário.
«É dos poemas mais
fantásticos que já li, um hino exuma epopeia em 20 ou 30 linhas.»
Este disco, que se chama «Canções de Ex-Cravo e Malviver», andou embrulhado num trabalho que se queria fazer para uma revista que não chegou a ver a luz de uma máquina-impressora de tipografia.
As melhores histórias são as que vêm do nada.
Lembra-se de, perante este disco, apetecer gastar toda adjectivação que os dicionários possuem.
Lembra-se dos pedidos de ajuda para dar a volta ao novelo complicado de encontrar palavras para tal tarefa.
As melhores histórias são as que vêm do nada.
Lembra-se de um dos textos que recebeu:
«Pode gostar-se muito do que muito se
desconhece? A resposta é SIM, e a prova é esse disco...
Confesso que pouco ou nada sei acerca dele. Não sei onde e por quem foi
gravado, nada sei da autoria das músicas (penso que quase todas do próprio
Carlos Mendes, mas sem nenhuma certeza...) e dos músicos de apoio e nem sequer
o ano exacto de produção te posso garantir...
E, no entanto, é um dos discos de música portuguesa que mais gosto...
Porquê? O coração tem razões que a razão desconhece.... Mas, racionalizando,
haverá sempre dois ou três aspectos que poderão ser aqui evocados:
- Em primeiro lugar a belíssima poesia do Joaquim Pessoa, embora saiba
que há quem discorde e o considere um mero "pastiche" do Ary dos
Santos...;
- Em segundo lugar, a qualidade das músicas do Carlos Mendes e as
composições foram feitas em verdadeiro "estado de graça". Poucas
vezes a poesia portuguesa foi elevada a um nível tão alto como nessa obra e,
como comparação, só me veem à memória as composições dos primeiros tempos do
Manuel Freire, para os poemas do Barahona da Fonseca, do Carlos de Oliveira, do
António Gedeão, ou as do Adriano para o Manuel Alegre;
- Em terceiro lugar, a própria escolha dos poemas. Numa época de muito
"som e fúria", em que era fácil cair na tentação dos "amanhãs
que cantam", sempre me tocou a opção emocional pela ternura e sensibilidade
de muitos desses poemas: a "Amélia", o "Nocturno" e muitos
outros que por lá andam;
- Finalmente - e de todos este é o aspecto mais subjectivo... - a Marta
tinha uma pancada forte por música portuguesa e este também era um dos discos
de que ela mais gostava. Talvez que, bem lá no fundo do meu subconsciente, eu
também queira guardar com algum calor
esses tempos em que, no meio da conturbada amálgama de "pluie et de beau
temps" que foi a nossa existência conjunta, ainda comíamos cerejas».
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