quinta-feira, 6 de março de 2025

NAMOROS

«Durante uns dois, três anos, algumas senhoras aqui do bairro frequentaram a mercearia aqui do canto, onde trabalhavam uns belos rapazes indianos do Punjab. Era vê-las a demorarem-se no espaço, entre repolhos e mandarinas, entre um ou outro mimo feito à sua aparência, entre uma ou outra sugestão de fruta e de vegetais. Um dia, os rapazes foram-se embora. Emigraram para um país que lhes dê melhores condições para viver. As senhoras ficaram desiludidas. Foram abandonadas. Traídas, até. É por isso que os indianos que hoje exploram o espaço têm-no vazio, com pouquíssimas visitas. Eles não sabem a história que os antecedeu. Eles não sabem que as senhoras ainda estão magoadas e que tão cedo não se vão deixar novamente enamorar.»

Nuno Costa Santos

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