A partir de agora é sempre a descer é uma velha expressão.
É
também o título da crónica de Ana Cristina Leonardo no Público de 7 de
Março.
Aborda
a triste, lamentável conferência de imprensa, na sala oval da Casa Branca, com
Zelenski, Trump e uma série de idiotas, políticos e jornalistas, a funcionarem como calque teatral.
Uma
crónica para memória futura, com o habitual humor de Ana Cristina Leonardo:
«E permitam-me que cite aqui, embora a despropósito, o genial médico e
intelectual olhanense Francisco Fernandes Lopes: "É preciso ir sempre até
ao fundo do fundo do contrafundo”.
Àqueles que acham que exagero, pergunto: quem, até há poucos dias, imaginaria
possível este diálogo sobre dress code a propósito de uma guerra que decorre há
três anos e não pára de somar mortos, feridos e estropiados?
Brian Glenn (correspondente para a Casa Branca do Real
America's Voice, canal por cabo da direita e extrema-direita norte-americanas):
“Porque é que não usa um fato? Tem um fato?”
Volodymyr Zelensky: “Tem algum problema com isso?”
Brian Glenn: “Muitos americanos têm
problemas com aqueles que não respeitam o código de vestuário da Sala Oval.”
Volodymir Zelensky: “Quando a guerra terminar, usarei
um fato. Talvez semelhante ao seu, talvez melhor e talvez mais barato".
É um facto que o líder ucraniano perdeu uma boa
oportunidade para perguntar ao incomodado repórter se achava que o macacão de
corte militar de Winston Churchill, em visita à Casa Branca em 1941, também
significara uma imperdoável falta de respeito. É também um facto que nem todos
se podem reclamar da conhecida presença de espírito do britânico. Mas que um
diálogo destes pudesse ter lugar durante um encontro para discutir assuntos
relacionados com um conflito sangrento, “declaro obedientemente” (claro) que
nem ao mais sarcástico autor de ficção ocorreria.»
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