domingo, 9 de março de 2025

OS DIAS VISTOS DO CAFÉ DO MONTE


 A partir de agora é sempre a descer é uma velha expressão.

É também o título da crónica de Ana Cristina Leonardo no Público de 7 de Março.

Aborda a triste, lamentável conferência de imprensa, na sala oval da Casa Branca, com Zelenski, Trump e uma série de idiotas, políticos e jornalistas,  a funcionarem como calque teatral.

Uma crónica para memória futura, com o habitual humor de Ana Cristina Leonardo:


«E permitam-me que cite aqui, embora a despropósito, o genial médico e intelectual olhanense Francisco Fernandes Lopes: "É preciso ir sempre até ao fundo do fundo do contrafundo”.
Àqueles que acham que exagero, pergunto: quem, até há poucos dias, imaginaria possível este diálogo sobre dress code a propósito de uma guerra que decorre há três anos e não pára de somar mortos, feridos e estropiados?

Brian Glenn (correspondente para a Casa Branca do Real America's Voice, canal por cabo da direita e extrema-direita norte-americanas): “Porque é que não usa um fato? Tem um fato?”
Volodymyr Zelensky: “Tem algum problema com isso?”
Brian Glenn: “Muitos americanos têm problemas com aqueles que não respeitam o código de vestuário da Sala Oval.”

Volodymir Zelensky: “Quando a guerra terminar, usarei um fato. Talvez semelhante ao seu, talvez melhor e talvez mais barato".

É um facto que o líder ucraniano perdeu uma boa oportunidade para perguntar ao incomodado repórter se achava que o macacão de corte militar de Winston Churchill, em visita à Casa Branca em 1941, também significara uma imperdoável falta de respeito. É também um facto que nem todos se podem reclamar da conhecida presença de espírito do britânico. Mas que um diálogo destes pudesse ter lugar durante um encontro para discutir assuntos relacionados com um conflito sangrento, “declaro obedientemente” (claro) que nem ao mais sarcástico autor de ficção ocorreria.»

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