Em 19 de
Novembro de 1935, segundo Richard Zenith, Fernando Pessoa escreveu o seu último poema em
português:
Há doenças
piores que as doenças,
Há dores que
não doem, nem na alma
Mas que são
dolorosas mais que as outras.
Há angústias
sonhadas mais reais
Que as que a
vida nos traz, há sensações
Sentidas só
com imaginá-las
Que são mais
nossas do que a própria vida.
Há tanta
coisa que, sem existir,
Existe,
existe demoradamente,
E
demoradamente é nossa e nós...
Por sobre o
verde turvo do amplo rio
Os
circunflexos brancos das gaivotas...
Por sobre a
alma o adejar inútil
Do que não
foi, nem pôde ser, e é tudo.
Dá-me mais
vinho, porque a vida é nada.
Em 29 do
mesmo mês e ano, escreveu as últimas palavras em inglês:
I Know not what tomorrow will bring.
Traduzindo:
Não sei o que trará o amanhã.
Fernando Pessoa
morreu no Hospital de S. Luís dos Franceses, com quarenta e sete anos, no dia
30 de Novembro de 1935, vítima de uma crise hepática.
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