Rómulo de Carvalho/António Gedeão, Príncipe Perfeito
Cristina
Carvalho
Colecção Memória
das Letras nº 1
Editorial
Estampa, Lisboa, Outubro de 2012
Este é um breve encontro numas linhas escritas em
algumas páginas. Tudo o que eu possa afirmar e informar, ainda que com muitas
omissões, sobre este eminente professor, pedagogo, historiador, poeta, é que
foi um Homem do Renascimento. Dum outro renascimento, o do século XX.
Quem foi, de quem nasceu, como cresceu, que desejos,
que impulsos, que transcendência foi essa que o iluminou, tudo o que realizou e
onde trabalhou, o que deixou dito, o que deixou feito, o desejo de ser útil, a
vontade, a vida, tudo dito e escrito será nada ou quase nada.
O seu dia a dia foi de trabalho, de pesquisa, de
investigações demoradas e de criação. Incansavelmente. Essa vontade da ciência,
da sua divulgação e do ensino, dentro do que foi possível, cumpriu-se. A
disciplina, as regras e o método foram a orientação de toda a sua vida. A
compreensão da atitude para com o próximo e o espírito de dádiva que marcou o
longo percurso da vida pessoal, familiar e profissional, desenharam um traçado
permanente. A estética, a beleza, o deslumbramento, o intangível acorde de um
outro mundo – o da poesia – envolveram-no e tornou-se realidade.
Também quero referir o quanto me foi difícil separar
da figura de meu pai enquanto escrevi esta biografia. Tentei distanciar-me mas
tenho a certeza que não consegui. Não me foi possível. Por isso, algumas vezes
escrevi de um modo muito mais íntimo; por isso, algumas vezes afastei-me e a
temperatura baixou. Preferi sempre o tom arrebatado e sentimental, que, embora,
contido, nunca foi forçado.
Talvez estranhem, senhores, tanto elogio, tanta
admiração, tanto entusiasmo, tantas são as palavras que transbordam das folhas
deste livro. Mas i que é que se pode dizer de um homem que
Tudo fiz por
amor, a única força poderosa capaz de congraçar as pessoas e as coisas numa
felicidade possível.
Atravessei a
existência sempre com a surpresa nos olhos, a amargura no rosto, a tristeza no
íntimo.
É meu dever dar-vos esta informação.
Sem comentários:
Enviar um comentário