quarta-feira, 23 de novembro de 2016

OLHAR AS CAPAS


Rómulo de Carvalho/António Gedeão, Príncipe Perfeito

Cristina Carvalho
Colecção Memória das Letras nº 1
Editorial Estampa, Lisboa, Outubro de 2012

Este é um breve encontro numas linhas escritas em algumas páginas. Tudo o que eu possa afirmar e informar, ainda que com muitas omissões, sobre este eminente professor, pedagogo, historiador, poeta, é que foi um Homem do Renascimento. Dum outro renascimento, o do século XX.
Quem foi, de quem nasceu, como cresceu, que desejos, que impulsos, que transcendência foi essa que o iluminou, tudo o que realizou e onde trabalhou, o que deixou dito, o que deixou feito, o desejo de ser útil, a vontade, a vida, tudo dito e escrito será nada ou quase nada.
O seu dia a dia foi de trabalho, de pesquisa, de investigações demoradas e de criação. Incansavelmente. Essa vontade da ciência, da sua divulgação e do ensino, dentro do que foi possível, cumpriu-se. A disciplina, as regras e o método foram a orientação de toda a sua vida. A compreensão da atitude para com o próximo e o espírito de dádiva que marcou o longo percurso da vida pessoal, familiar e profissional, desenharam um traçado permanente. A estética, a beleza, o deslumbramento, o intangível acorde de um outro mundo – o da poesia – envolveram-no e tornou-se realidade.
Também quero referir o quanto me foi difícil separar da figura de meu pai enquanto escrevi esta biografia. Tentei distanciar-me mas tenho a certeza que não consegui. Não me foi possível. Por isso, algumas vezes escrevi de um modo muito mais íntimo; por isso, algumas vezes afastei-me e a temperatura baixou. Preferi sempre o tom arrebatado e sentimental, que, embora, contido, nunca foi forçado.
Talvez estranhem, senhores, tanto elogio, tanta admiração, tanto entusiasmo, tantas são as palavras que transbordam das folhas deste livro. Mas i que é que se pode dizer de um homem que

Tudo fiz por amor, a única força poderosa capaz de congraçar as pessoas e as coisas numa felicidade possível.
Atravessei a existência sempre com a surpresa nos olhos, a amargura no rosto, a tristeza no íntimo.

É meu dever dar-vos esta informação.

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