Pão Com Manteiga
Bernardo Brito e
Cunha – Carlos Cruz – Eduarda Ferreira – José Duarte – Mário Zambujal – Orlando
Neves
Capa: Luís
Trindade
Edição Pão Com
Manteiga, Lisboa 1980
Era uma vez uma árvore que dava bolachas. Nada menos
do que bolachas, que apareciam penduradas na ponta de fios transparentes, quase
iguais aos fios de pesca.
As bolachas tinham uns furos que davam perfeitamente
para os fios as segurarem bem. Portanto, era fácil. Vistas bem as coisas, uma
árvore das bolachas é uma árvore como as outras, só que dá bolachas.
Ora, quem possuía esta árvore era um homem que, a
pouco e pouco, se foi apercebendo do valor que tinha ali no quintal. Por isso,
começou a apensar fazer negócio, organizando o seu marketing, como agora muito
bem se diz nas esferas que percebem do assunto. Quase a propósito de esferas,
convém dizer que as bolachas eram de formato redondo, talvez para não destoarem
muito de maçãs, laranjas e outras frutas da época. Colheita após colheita, (e a
produção não era pequena), o homem foi aumentando o volume do negócio. Tinha
tudo organizado, operacional, como também se diz agora e muito bem, caixinhas
normalizadas para a exportação, quando a árvore começou, de um dia para o
outro, a dar bolachas quadradas. Um problema bicudo. Para saber onde estava o
nó do problema e evitar a conversão de todo o seu comércio de bolachas, o homem
escavou para saber qual era o mal da raiz. E descobriu então: a raiz quadrada
era o problema.
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