terça-feira, 14 de julho de 2020

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No New York Times de 1 de Junho de 1940, poderia ler-se:

«Enquanto a língua inglesa existir, a palavra Dunkerque tem de ser pronunciada com reverência…»

A retirada de Dunquerque tem o nome de código «Operação Dínamo».

Com as tropas aliadas cercadas pelos alemães em terras de França, a que se junta a perspectiva de uma clara derrota, o governo britânico determina a evacuação de cerca de 45 mil homens, depois alterada para 120 mil homens, acabando por serem evacuados 338.226 homens.

O que impressiona nas fotografias que registam a retirada, são os milhares de homens ao longo da costa que, com coragem e disciplina, esperam a chegada dos pequenos barcos, que são iates, barcos de recreio, rebocadores do RioTamisa, que os iriam transportar para os  contratopedeiros que tiveram de ficar ao largo, ao mesmo tempo que eram bombardeados pela aviação alemã.

Há algum desconforto numa certa alegria então sentida, quando Winston Churchill afirma:

«As guerras não se vencem com evacuações.»


Segundo as pesquisas de Richard Collier, os ingleses perderam 68 111 homens – mortos, feridos ou prisioneiros de guerra. Ainda segundo Collier em termos grosseiros, 40 000 homens, alguns dos quais franceses, goram feitos prisioneiros. Dos feridos em campanha, 8 061 britânicos e 1 230 aliados forma evacuados para Inglaterra e apenas 1,7 por cento dos feridos acabariam por morrer.

RichardCollier, a abrir, diz-nos que o livro não é a narrativa completa de Dunkerque: «apenas a história de um grupo de pessoas cujas vidas estiveram ligadas àquela semana fatal. Não abrange todos os factos nem sequer aproximadamente; ninguém poderia descrever com exactidão o gigantesco êxodo que durou nove dias e envolveu bastantes milhões de homens e mulheres. E visto que as próprias pessoas se encontraram muitas vezes em estado de choque, ocupadas ou desnorteadas de mais para anotarem os seus gestos hora a hora, até as estatísticas fundamentais têm se der encaradas com reservas.»

O que se passou em Dunkerque, continua a ser um mistério para os historiadores da Segunda Guerra Mundial. Uma das teses é que Hermann Göring teria garantido a Hitler que a Luftwaffe sozinha faria os britânicos se renderem, o que não aconteceu. Outra tese seria de que Hitler queria mais uma vez tentar um acordo de paz com os ingleses, e por isso ordenou o cessar fogo.


A págs. 413, Richard Collier conta-nos:

«No dia 1 de Junho, Hitler, visitando de passagem o quartel-general Von Bock em Bruxelas, encontrara o comandante do Grupo B so exército melancólico e reservado. Sentindo-se talvez constrangido, o Fuhrer deu-se ao cuidado de explicar: «Você provavelmente está surpreendido por eu ter mandado parara as divisões de tanques mas receava um ataque francês no Sul e não era possível sofremos aí um desaire.»

Quando o general Von Kleist, dos Panzers, se lhe queixou do mesmo mais tarde, Hitler foi petulante: «É provável! Mas eu não quis enviar os Panzers para os pântados da Flandres e não quero ouvir falar mais dos ingleses nesta guerra!»

Teria o Fuher, até ao fim, desejado poupar os ingleses , como pensava Von Rundstedt? Ou calculara mal o poder de luta dos franceses e o pavor dos pântanos da Flandres obrigara-o a meter travões no momento vital? A evidência sugere que estes motivos, assim como a amior parte dos homens, foram inextricavelmente confudos mas uma coisa é certa: o grosso da hierarquis do exército esperava uma paz  negociada daí a algumas semanas.»

Perante o que se sabe, e sobre a retirada de Dunquerque, é escusado falarmos de milagres.

Porque não existem, simplesmente!

Apenas o silêncio do medo.

Do que se passara até então, do que estava para acontecer.



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