A
Música do Acaso
Paul
Auster
Tradução:
Ana Patrão
Capa:
Teresa Cruz Pinho
Colecção
Novos Continentes nº 50
Editorial
Presença, Lisboa, 1992
Tinha
gasto muito dinheiro irreflectidamente no princípio, concedendo-se idas a todo
o tipo de restaurantes e hotéis de primeira classe bebendo bons vinhos e
comprando brinquedos sofisticados para Juliette e para os primos, mas a verdade
era que Nashe não tinha uma ambição pronunciada por luxos. Vivera sempre
demasiado próximo do osso para pensar muito nisso, e mal a novidade da herança
se esgotara, regressou aos seus velhos hábitos modestos: comendo refeições
simples, dormindo em motéis baratos, gastando quase nada em roupas.
Ocasionalmente esbanjava em cassettes de música ou livros, mas era o máximo. A
verdadeira vantagem do dinheiro não era ter-lhe permitido comprar coisas: era o
facto de lhe ter permitido parar de pensar em dinheiro. Agora que era forçado a
pensar nele outra vez, decidiu fazer um contrato consigo mesmo. Continuaria a
viajar até lhe sobrarem vinte mil dólares, e depois voltaria para Berkeley e
pediria a Fiona para casar com ele. Não hesitaria: desta vez faria mesmo isso.
1 comentário:
Grande livro este do grande escritor Paul Auster, a quem, nos últimos tempos, parece ter-se esgotado a imaginação...
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