quinta-feira, 30 de julho de 2020

OLHAR AS CAPAS



A Música do Acaso

Paul Auster
Tradução: Ana Patrão
Capa: Teresa Cruz Pinho
Colecção Novos Continentes nº 50
Editorial Presença, Lisboa, 1992

Tinha gasto muito dinheiro irreflectidamente no princípio, concedendo-se idas a todo o tipo de restaurantes e hotéis de primeira classe bebendo bons vinhos e comprando brinquedos sofisticados para Juliette e para os primos, mas a verdade era que Nashe não tinha uma ambição pronunciada por luxos. Vivera sempre demasiado próximo do osso para pensar muito nisso, e mal a novidade da herança se esgotara, regressou aos seus velhos hábitos modestos: comendo refeições simples, dormindo em motéis baratos, gastando quase nada em roupas. Ocasionalmente esbanjava em cassettes de música ou livros, mas era o máximo. A verdadeira vantagem do dinheiro não era ter-lhe permitido comprar coisas: era o facto de lhe ter permitido parar de pensar em dinheiro. Agora que era forçado a pensar nele outra vez, decidiu fazer um contrato consigo mesmo. Continuaria a viajar até lhe sobrarem vinte mil dólares, e depois voltaria para Berkeley e pediria a Fiona para casar com ele. Não hesitaria: desta vez faria mesmo isso.

1 comentário:

Seve disse...

Grande livro este do grande escritor Paul Auster, a quem, nos últimos tempos, parece ter-se esgotado a imaginação...