A
Batalha de Dunkerque
Richard Collier
Tradução: Orlando Neves
Capa: Carlo Santos
Colecção Testemunhos nº 7
Editorial Início, Lisboa, 1968
O
sapador Thomas Marley teve o maior choque da sua vida. Desde o momento em que o
seu comandante, o major Adams, lhe disse: «Dirija-se para Dunquerque», ele
ficou convencido de que a sua companhia de sapadores tinha por qualquer motivo
caído em desgraça e estava a ser reenviada para Inglaterra.
Agora,
estremecendo sob a chuva torrencial na praia de Dunquerque, com a ´gua pela
cintura enquanto ajudava a meter as padiolas em pequenos barcos, Marley era um
dos milhares que já pensavam diferentemente. Não era apenas a sua companhia que
regressava. Era todo o exército.
Aqueles
pontos luminosos perfurando a escuridão quando ele chegou à parai não eram
pirilampos mas soldados – incontáveis milhares deles – acendendo silenciosamente
cigarros. O tinir estrondeante, arrasador dos nervos, como um malho batendo
numa bigorna, eram os canhões de 4 polegadas dos destroyers matraqueando os
Heinkels e os Messerschmitts. O leve e sobrenatural zumbido, como o vento
soprando nos fios do telégrafo, era o lamento dos feridos que Marley ajudava a
socorrer.
«Leva-me
o mais levemente que possas», disse um homem a Marley com realismo. «Sei que
estou a morrer.» Para marley, como para milhares de outros, este era o momento
da verdade.
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