segunda-feira, 6 de julho de 2020

OLHAR AS CAPAS



O Animal Moribundo

Philip Roth
Tradução: Fernanda Pinto Rodrigues
Publicações Dom Quixote, Lisboa, Julho de 2010

A grande partida biológica que nos pregam é que nos tornamos íntimos antes de sabermos alguma coisa acerca de outra pessoa. No momento inicial compreendemos tudo. Inicialmente, somos atraídos para a superfície um do outro, mas também intuímos a dimensão mais plena. E a atração não tem de ser equivalente: ela é atraída por uma coisa, nós pela outra. É a superfície, é a curiosidade, mas depois, zás!, pela dimensão. É agradável que ela seja de Cuba, é agradável que a sua avó tenha sido isto e o seu avô aquilo, é agradável que eu toque piano e tenha um manuscrito de Kafka, mas tudo isso é um mero desvio no caminho para chegarmos aonde vamos. Faz parte do encantamento, suponho, mas é a parte que me faria sentir muito melhor se pudesse dispensá-lo. O sexo é todo o encantamento necessário. Os homens acham as mulheres assim tão encantadoras uma vez excluído o sexo? Alguém acha alguém de qualquer sexo assim tão encantador, a não ser que tenha comércio sexual com essa pessoa? Por quem mais nos sentimos assim encantados? Por ninguém. 

3 comentários:

Seve disse...

Philip Roth foi um grande escritor.
De quase todos os livros que dele já li "A Pastoral Americana" foi o de que mais gostei.
É um daqueles escritores que terá de se reler porque à primeira é muito cedo...

Sammy, o paquete disse...

Ainda não li todo o Philip Roth. Gosto de o ler mas se fosse escritor que, como diz o povo, me enchesse as medidas, já teria lido tudo.
Por mera curiosidade, ficam os livros de que mais gostei:
Pastoral Americana
A Mancha Humana
Casei com um Comunista
O Complexo de Portnoy
Há dias, um amigo perguntou-me das razões de ainda não ter lido «O Escritor Fantasma». Não lhe soube dar resposta mas o outro que sempre me acompanha, não deixou de murmurar: «Estás a perder qualidades é o que é!»

Seve disse...

Mas o Philip Roth não é um escritor fácil.

Vergílio Ferreira dizia que os livros têem que nos obrigar a pensar, para fácil leia-se, isto sem qualquer menorização da minha parte, o Paulo Coelho, o 375 (JRS) etc etc