quinta-feira, 4 de setembro de 2025

NESTE DIA


Nos dias recentes em que saí daqui por uns dias, estive sem computador, fiz pequenos exercícios escritos à mão. Percebi rapidamente que já «não» sei escrever à mão, e veio-me à lembrança que já ouvi, ou já li, que escrever é algo que está prestes a desaparecer.

Pelo Natal é comum saber-se que pelo mundo se trocam milhões de SMS com votos de Boas-Festas, mas jamai um postal, uma carta.

Tenho um velho recorte de uma crónica do José Tolentino de Mendonça:

«Uma das coisas que aprendi foi que uma carta começa pelo envelope, pelo selo, pelo papel e que essa materialidade (escolhida, retrabalhada)) participa desse encontro sem palavras que uma carta pode significar.»

O neto foi despedir-se dos avós, agora que ia de férias com os pais.

- Manda-nos um postal, disse a avó.

- O que é um postal, vó?..

Disseram-nos que Saramago escrevia pela manhã, ao som de Mozart, Bach Ou Beethoven, guardando as tardes para  responder às cartas, cerca de 100 que lhe chegavam por mês.

Várias vezes deixou expresso que deveria ser publicada a correspondência que manteve com os seus pares e com o seus leitores. Por motivos nunca declarados, a Fundação  Saramago ainda iniciou esse imprescindível trabalho.

Por cartas, pegamos no 1º Volume dos Cadernos de Lanzarote, e publicanos a entrada que escreveu no último dia do ano de 1993:

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