Nos
dias recentes em que saí daqui por uns dias, estive sem computador, fiz
pequenos exercícios escritos à mão. Percebi rapidamente que já «não» sei
escrever à mão, e veio-me à lembrança que já ouvi, ou já li, que escrever é
algo que está prestes a desaparecer.
Pelo
Natal é comum saber-se que pelo mundo se trocam milhões de SMS com votos de
Boas-Festas, mas jamai um postal, uma carta.
Tenho
um velho recorte de uma crónica do José Tolentino de Mendonça:
«Uma das coisas que aprendi foi que uma carta começa pelo envelope, pelo selo, pelo papel e que essa materialidade (escolhida, retrabalhada)) participa desse encontro sem palavras que uma carta pode significar.»
O
neto foi despedir-se dos avós, agora que ia de férias com os pais.
-
Manda-nos um postal, disse a avó.
-
O que é um postal, vó?..
Disseram-nos
que Saramago escrevia pela manhã, ao som de Mozart, Bach Ou Beethoven,
guardando as tardes para responder às
cartas, cerca de 100 que lhe chegavam por mês.
Várias
vezes deixou expresso que deveria ser publicada a correspondência que manteve
com os seus pares e com o seus leitores. Por motivos nunca declarados, a
Fundação Saramago ainda iniciou esse imprescindível
trabalho.
Por cartas, pegamos no 1º Volume dos Cadernos de Lanzarote, e publicanos a entrada que escreveu no último dia do ano de 1993:

Sem comentários:
Enviar um comentário