sábado, 31 de dezembro de 2011

AGORA APANHO SOL


Agora apanho sol. Mas até agora
trabalhei cinquenta anos sem descanso.
Como o pão suando dia a dia
num labutar sem pausa.
Gastei o tempo com o salário dos sábados,
passou a primavera, veio o verão.
Dei ao patrão a flor do meu esforço
e a minha mocidade. Nada tenho.
O patrão está rico à minha custa,
eu à sua, estou velho.
Pensando bem, o patrão deve-me tudo.
Eu não lhe devo
nem sequer este sol que agora apanho.
Enquanto o apanho, espero.

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