Há 50 anos, num dia assim, a morte saiu à rua.
Na Rua da Creche a Alcântara, a PIDE assassinava, a tiro, o pintor e militante comunista José Dias Coelho. Tinha 38 anos.
Notícia curta dos jornais do dia seguinte:
Misteriosa cena de tiros no bairro de Alcântara. Um homem ferido mortalmente
.
Os pormenores souberam-se depois.
Cinco agentes da PIDE saltaram de um carro, perseguiram José Dias Coelho, cercaram-no e desfecharam-lhe, à queima roupa, um tiro no peito que e o deitou por terra. .Ainda dispararam um outro tiro. Eram oito horas da noite. Os assassinos meteram o corpo no carro e, passadas duas horas, já a expirar, deixaram-no no Hospital da CUF.
O julgamento dos assassinos foi uma farsa.
O Diário de Notícias, de 6 de Janeiro de 1977, colocava na 1ª página:
O antigo agente da PIDE/DGS António Domingues, responsável pela morte do escultor comunista José Dias Coelho, foi, ontem, condenado em três anos e nove meses de prisão maior. Perdoados 90 dias e tomado em conta o tempo de prisão preventiva que já sofreu, desde 1974, vai o réu cumprir apenas mais cerca de 10 meses de cadeia. O tribunal (3ºTMTL) considerou não ter havido homicídio voluntário, mas apenas “ofensa corporal voluntária, de que resultou a morte “praeter-intencional”. Dado como provado o disparo de dois tiros, o último dos quais com a arama “muito próxima da roupa da vítima, a sentença foi recebida pela assistência com uma manifestação de protesto.
Na etiqueta José Dias Coelho deste blogue, podem ler-se outras evocações.
Hoje, deixo o texto que sua mulher, Margarida Tengarrinha, escreveu para o livro O Caso Dias Coelho (1):
(1) – O Caso Dias Coelho de Fernando Luso Soares,, edição do autor, Lisboa Março 1977.
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