sábado, 17 de dezembro de 2011

SODADE


Quando no dia 24 de Setembro, numa entrevista ao Le Monde, Cesária Évora afirmou que, por conselho médico, teria de terminar a carreira e regressava a S. Vicente, sua terra natal, sabia ela, ficámos a saber nós, que o fim não estaria longe.

Há dias, puxei para aqui uma conversa em que a Cise revelava que nunca teve cuidados com a voz, e fumar cigarro e tomar uns copos era uma óptima receita, experiências de uma vida difícil para o sustento diário, andar de navio em navio, de bar em bar, até que José da Silva a levou para França.

Gostava de ter sido reconhecida primeiro em Portugal, mas foram os franceses que a colocaram nos palcos do mundo e guardou sempre essa mágoa que, juntamente com outras, agora, aos 70 anos, partiram com ela.

Viajava sem sapatos na mala e justificava o insólito dizendo quem cantava era Cesária e não os sapatos.

Gostava de Bilie Holiday, Charles Aznavour, Edith Piaf, Nat King Cole, Amália.

Por esse caminho longe, partiu para outras cantorias, tomando um groguinho de Santo Antão, sorrirá ao ouvir o amigo Tito Paris dizer que o artista e o poeta praticamente não morrem. Desaparecem mas não morrem e nós vamos ouvir Cesária até ao fim da nossa vida, ela vai existir com as suas mornas e coladeras até ao último dia das nossas vidas.

Em jeito de lembrança fica aqui uma crónica de Eduardo Pardo Coelho, publicada no Público, quando Cesária Évora foi agraciada com o Grau de Grande Oficial da Ordem de Mérito.

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