Perguntaram-lhe:
Sempre foi homem de esquerda. Como define a sua proximidade ao Partido Comunista?
Nunca quis pertencer ao aparelho. A única experiência que tive foi como “político instalado”– fui deputado da Assembleia Municipal de Sintra – durou dois meses.
A política de aparelho exige disciplina. Nos jornais, eu estava habituado a escrever oito páginas sobre um congresso político e ver a censura reduzi-las a duas. Mas na assembleia não estava disposto a pedir autorização ao partido para falar.
A política que me interessa está perto das pessoas e ligada à vivência da cidade, no sentido grego do termo. É uma política que exige liberdade e responsabilidade individuais. Sempre tive uma costela anarquista e, por isso, nunca pude criar raízes no aparelho de um partido.
Outra pergunta:
O que é preciso para se ter “habilidade política”?
Respondeu:
Estar disposto a prescindir de uma certa liberdade e ser capaz de dizer o que é necessário em vez do que é verdadeiro.
Legenda: José Saramago com o colectivo do Grupo de Campolide que, com encenação de Joaquim Benite, representaram em Maio de 1979, A Noite.
2 comentários:
Qual é a fonte desta entrevista? Acho-a muito interessante.
São frases retiradas de um trabalho sobre Joaquim Benite, da autoria de Lucinda Canelas e publicado no «Público»..
É provável que o encontre em:
http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/joaquim-benite-o-teatro-e-sempre-politico-1576206?page=2#/follow
Enviar um comentário