segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

DIA DE NATAL, 1990. SÃO FRANCISCO


Não me trouxeram o meu New York Times. Tive de ir à mercearia do bairro para o comprara. Consegui apanhar o último exemplar do escaparate.
Naquele dia o jornal era muito fininho. Passei-lhe uma rápida vista de olhos. Exceptuando dois artigos sobre a iminente Guerra do Golfo, não havia nada de especial nas notícias. E foi então que uma coisa atraiu a minha atenção. Um artigo de uma página na secção Op-Ed. O título era «Conto de Natal» de Auggie Wren» por Paul Auster.
 Mal comecei a ler a história, fui rapidamente arrastado para um mundo complexo de realidade e ficção, de verdades e mentiras, de dar e tirar. Tão depressa me sentia comovido até às lágrimas como ria incontrolavelmente. Vieram-me à memória muitas das minhas próprias e interessantes vivências em dias de Natal. Senti-me como se alguém, a quem estivesse muito ligado, me tivesse dado uma prenda de Natal maravilhosa. Mal acabei de ler a história perguntei à minha mulher: «Quem é este Paul Auster?»

Prefácio de Wayne Wang a Smoke de Paul Auster, Difusão cultural, Lisboa Maio de 1996.

Legenda: fotografia de Ralph Crane.

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