Sei que em Cuba,
nas fábricas de charutos, e não só, era costume existir um trabalhador que lia
livros enquanto os operários trabalhavam.
Esta fotografia,
retirada do arquivo da Shorpy, da autoria de Jack Delano, mostra um
trabalhador numa pequena fábrica de charutos em Yauco, Porto Rico.
Não se sabe se
existe por ali um leitor, mas vê-se um pedaço de tabique em que aparecem dois
filmes Til We Meet Again e Brother Rat and Baby, filmes que nunca
vi, mas lembro-me de Merle Oberon, um recorte de jornal com um pugilista, também
a notícia de alguém que morreu, o anúncio de uma farmácia local e um outro do
dentífrico Colgate.
O resto é a
solidão do trabalhador-enrolador de charutos, a destreza da minúcia de um
trabalho pago miseravelmente.
Lido já não sei
onde: «quem faz charutos é um criador de sonhos.»
6 comentários:
Isso também se passava em algumas fábricas de cortiça do Caramujo (Cova da Piedade), Sammy.
Depois os operários e operárias retiravam parte do seu trabalho para o "leitor" não ficar prejudicado.
E como os livros eram caros, havia algumas obras que eram copiadas, batidas à máquina, que depois passavam de mão em mão.
(provavelmente não disse nada que o Sammy não soubesse...)
Não, caro Luís Eme, desconhecia a história e é uma história tão bonita.
É por estas e por outras, quando deste lado olho essa margem, sinto um arrepio, «margem esquerda deste amor feito de fome e de sal»., como naquela canção do Adriano.
Isto na Cova Piedade acontecia porque a maioria dos operários eram analfabetos, Sammy.
(penso que o mesmo se deveria passar em Cuba...)
Ó Luís, mas se eram analfabetos não significaria que não sabiam ler nem escrever?
Severino, a maioria não sabia ler nem escrever, por isso quem sabia ler (um ou dois...), lia-lhes as histórias que estavam dentro dos livros.
Lindo!
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