quarta-feira, 1 de maio de 2019

O DIA MUNDIAL DO PUNHO ERGUIDO


Há 45 anos foi aquele primeiro 1º de Maio, aquele navio de sonho, aquela nave de loucos.

As fotografias, os filmes que existem daquele longo dia, não conseguem mostrar tudo.

Quem não viveu esse dia não conheceu a doçura da nossa revolução.

O tempo em que nos pareceu abraçar a felicidade.

Sabemos agora o que aconteceu ao povo que se dizia unido.

Tempos atrás, no Chile, após a vitória de Salvador Allende, também se gritava que o povo unido jamais seria vencido. Um vendaval de morte e terror caiu sobre os chilenos.

Sobre aquele 1º de Maio de 1974, duas memórias:

Maria Eugénia Varela Gomes em Contra Ventos e Marés:

«Quer dizer. no 1º de Maio juntou-se tudo: os que tinham perdido o medo, os que eram fascistas e queriam desaparecer ou disfarçar... veio tudo para a rua e as motivações eram, evidentemente, as mais diversas. Uma coisa era certa, se aquela multidão de gente fosse mesmo antifascista, todos eles, o regime já tinha caído há muito tempo.»

Sacuntala de Miranda em Memórias De Um Peão Nos Combates Pela Liberdade:

«Num estado de enorme exaltação, participei na grandiosa marcha do 1º de Maio, procurando em vão ver caras conhecidas e perguntei-me mil vezes como era possível que tanta gente viesse para a rua vitoriar o fim do regime, quando éramos tão poucos os que tínhamos lutado contra a ditadura.»

José Gomes Ferreira em Intervenção Sonâmbula

«De repente, recordo-me de que, durante a opressão salazarista, sempre festejei o 1º de Maio à minha maneira. Decretava feriado a mim próprio, punha uma gravata vermelha e marchava em cortejo sozinho por essas ruas empunhando uma encarniçada bandeira mental.»

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