Em Lisboa, a 2
de Novembro de 1919, nascia Jorge de Sena pelo que, neste ano, ocorre o
centenário do seu nascimento.
Perante a
efeméride, que fará a cultura portuguesa?
Perseguido pela
ditadura, perseguido por alguns fantasmas que foi criando ao longa da atribulada
vida, deverá continuará a ser esquecido por quem entende que isto da cultura é
coisa de somenos, que nem votos dá.
Jorge de Sena
não era um homem fácil, mas foi um extraordinário trabalhador intelectual cuja
obra vai da poesia à ficção, ao ensaio, ao teatro e, em vida, sempre lamentou que
a sua obra não tivesse motivado mais estudos.
Destaco uma
curiosa observação feita por José Gomes Ferreira no 3º volume dos seus DiasComuns.
Em 1970, Sena
verificou que, numa nota crítica, José Bento cometera algumas omissões sobre
escritores que se tinham pronunciado sobre a obra de Irene Lisboa:
«Só me espanta o seguinte: como é que o Jorge de Sena,
no meio dos seus versos, das suas lições, dos seus estudos literários, dos seus
contos, dos seus romances, das suas leituras, da sua correspondência, etc.,
etc., etc. – ainda arranja tempo para esta vigilância infatigável das
pequeninas injustiças?»
Jorge de Sena tem belíssimos e pungentes
poemas.
Para além de
alguns dos seus poemas, guardo a leitura do extraordinário conto Homenagem ao
Papagaio que faz parte do livro Os Grão-Capitães e o romance Sinais de Fogo «primeira parte de um vasto ciclo que não sei se chegarei a
escrever». Jorge de Sena não teve oportunidade de concluir esse ciclo e Sinaisde Fogo, nas suas 519 páginas, trata apenas de alguns meses de 1936 quando
o projecto dessa viagem dentro de Portugal iria de 1936 a 1959.
Remate-se em
nota de pé de página, que neste ano também se regista, 6 de Novembro de 1919, o
centenário do nascimento de Sophia de Mello Breyner Andresen, escassíssimos
dias depois do nascimento de Jorge de Sena. Mas estou (quase) certo de que
Sophia terá uma outra atenção que não caberá a Jorge de Sena.
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