A Comissão Parlamentar de Educação e
Ciência aprovou propostas que determinam a contagem do tempo de serviço
correspondente ao trabalho que foi efectivamente prestado pelos professores,
tal como deverá acontecer relativamente a outros profissionais, nomeadamente
funcionários judiciais, juízes, militares e profissionais da GNR.
Face ao sucedido o primeiro-ministro
chegou à boca de cena e disse à urbe que se esta lei for aprovada pela
Assembleia da Republica o Governo demite-se, e de supetão sugeriu ao Presidente
da República eleições para Julho.
Os comentadores políticos que, diariamente,
papagueiam pelas televisões, não entendem como se chegou a este caldinho.
Os dirigentes do PSD e do CDS não conseguem
perceber como os seus representantes na Comissão Parlamentar de Educação e
Ciência aparecem a votar ao lado do Bloco de Esquerda, do Partido Comunista e no,
fundo dos fundos, ao lado de Mário Nogueira.
Estão agora reunidos para encontrarem algo que os
possa tirar deste imbróglio.
Leio nos jornais que António Costa está
a fazer chantagem política, meros calculismos eleitorais, mais não sei quê, introduzindo uma completa e desnecessária instabilidade política.
O Presidente Marcelo ainda não apareceu
a dizer o que pensa, ele que é sempre tão célere.
No café do bairro os clientes não se
pronunciavam sobre esta trapalhada. A discussão girava à volta da bola e de
quem vai ganhar o campeonato.
Também não sei que diga.
Nesta ignorante circunstância, tirei O Ano da Morte de Ricardo Reis da prateleira
da estante e reli as peripécias de Lídia quando, por uma manhã, vai levar a
bandeja com o café e as torradas a Ricardo Reis e este lhe toca no braço e de imediato este se recrimina acidamente por ter
cedido a uma fraqueza estúpida.
José Saramago aproveita para filosofar:
«São
assim os labirintos, têm ruas, travessas e becos sem saída, há quem diga que a
mais segura maneira de sair deles é ir andando e virando sempre para o mesmo
lado, mas isso, como temos obrigação de saber, é contrário à natureza humana.»
Legenda: a Comissão Parlamentar de
Educação e Ciência, em reunião de trabalho, redigindo o documento que levou
António Costa, mais os dirigentes do PSD e CDS, à beira de um ataque de nervos.
4 comentários:
Creio que terá sido o Nikita Kruchtchev que disse que os políticos até prometem construir pontes onde não há rios.
Tento entender o que vai pelo país político, mas faltam-me qualidades.
Como grande parte do povo – quando dizemos povo não sabemos bem de quem estamos a falar – tudo isto me soa a abstração, a truques.
Não vou desistir de entender o que por aqui se passa, mas confesso que, normalmente, bato de frente num muro.
Tempo então de me refugiar nos livros e ainda agora não sei bem porque, por causa deste assunto, me fui lembrar dos tremer de mãos de Lídia e Ricardo Reis nas manhãs de café e torradas num quarto de hotel, num livro excepcional de que gosto muito e, tanto quanto posso saber, o Jeve sente o mesmo.
Peço desculpa: queria escrever Seve em vez de Jeve.
Abraço
Do que por aqui tenho lido (e saboreado) neste belíssimo blogue, com tudo me identifico!
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