Joaquim Vieira
no seu Rota de Vida aborda a obra poética de José Saramago. Refere que o seu
segundo livro de poesia, Provavelmente Alegria, não teve a mesma aceitação positiva
que Os Poemas Possíveis.
Cita um artigo
que António Ramos Rosa fez publicar na Colóquio nº 59 de Junho de 1970:
«Os limites bem visíveis da poética de José Saramago,
em cujo léxico abundam termos como rosas,
nardos, cristais, grinaldas, corais, estrelas, orvalho, não serão decerto os
que se podem antever obrigatoriamente para uma linguagem de matizes e formas
francamente clássicos, porquanto nos cabe, antes de qualquer reparo, declarar
que muitos dos seus poemas, sobretudo em Poemas Possíveis, um belo livro
de um poeta amadurecido, são de uma qualidade inegável que transcende e torna
falsa qualquer discussão sobre a sua actualidade. Mas se esta justiça lhe
prestamos, não podemos, por outro lado em daqueles mesmos valores que
pressupõem «ritmo, segurança e consciência», como a sua «Arte Poética»
requer, deixar de notar que existem neste seu livro fraquezas que o tornam
inferior à sua primeira obra (…) De um modo geral, os poemas não atingem a
densidade indispensável, dando a nítida sensação de facilidade de uma
precipitação elocutória em que se chega ao verso final sem se ter captado algo
de essencial, tudo se perdendo em palavras.»
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