domingo, 5 de maio de 2019

OLHAR AS CAPAS


Memórias De Um Peão Nos Combates Pela Liberdade

Sacuntala de Miranda
Capa: António Eduardo Borges de Sousa
Colecção Garajau nº 100
Edições Salamandra, Lisboa, Abril de 2003

Foi o Zé quem, em Setembro de 1957, me levou à Seara Nova, na Rua Luciano Cordeiro, onde começava a preparar-se a campanha para a apresentação de uma lista de deputados da oposição por Lisboa, sob a orientação do velho Câmara Reis, um senhor calvo, ainda cheio de alegria e boa disposição, não obstante a sua avançada idade. Não havia candidatos, a não ser Câmara Reis, e os estudantes que se ofereceram para ajudar foram destacados para ir, em grupos de três ou quatro, pedir a várias personalidades notáveis que acedessem a candidatar-se. A mim coube-me, entre outras, a tarefa de ir, com o Luís Bernardino e com o Ernâni pinto Basto, visitar Ferreira de Castro e pedir-lhe que se candidatasse à Assembleia Nacional na lista da Oposição. O velho escritor olhou-nos com infinita simpatia, sorriu e perguntou: “Vocês já têm vinte anos? (Na verdade, dos três, só eu tinha mais de vinte anos.) São umas crianças. Queriam que eu fosse para a Assembleia Nacional? Nem pensem nisso. Eu não nasci para fazer política.” E despediu-nos com o mesmo sorriso paternal e muitas pancadinhas nas costas.

1 comentário:

Seve disse...

Ferreira de Castro-grande homem, grande escritor!