Memórias De Um Peão Nos Combates Pela Liberdade
Sacuntala de
Miranda
Capa: António
Eduardo Borges de Sousa
Colecção Garajau
nº 100
Edições Salamandra,
Lisboa, Abril de 2003
Foi o Zé quem, em Setembro de 1957, me levou à Seara
Nova, na Rua Luciano Cordeiro, onde começava a preparar-se a campanha para a
apresentação de uma lista de deputados da oposição por Lisboa, sob a orientação
do velho Câmara Reis, um senhor calvo, ainda cheio de alegria e boa disposição,
não obstante a sua avançada idade. Não havia candidatos, a não ser Câmara Reis,
e os estudantes que se ofereceram para ajudar foram destacados para ir, em
grupos de três ou quatro, pedir a várias personalidades notáveis que acedessem
a candidatar-se. A mim coube-me, entre outras, a tarefa de ir, com o Luís Bernardino
e com o Ernâni pinto Basto, visitar Ferreira de Castro e pedir-lhe que se
candidatasse à Assembleia Nacional na lista da Oposição. O velho escritor
olhou-nos com infinita simpatia, sorriu e perguntou: “Vocês já têm vinte anos?
(Na verdade, dos três, só eu tinha mais de vinte anos.) São umas crianças.
Queriam que eu fosse para a Assembleia Nacional? Nem pensem nisso. Eu não nasci
para fazer política.” E despediu-nos com o mesmo sorriso paternal e muitas
pancadinhas nas costas.
1 comentário:
Ferreira de Castro-grande homem, grande escritor!
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