Na meia dúzia de blogues em que, com mais assiduidade,
vai viajando, há um que frequenta desde tempos bem recuados: o Largo da Memória
de Luís Eme, jornalista, escritor e guardador das margens do Tejo.
Começou pelo agrado das fotografias e acabou a gostar do
que lá por se escrevia.
Quando fumava cachimbo, cigarrilhas e charutos, gostou de
ter lido no Largo esta pérola.
Não por picuinhice, mas por um certo rigor, lamenta
ter perdido a data em que foi escrita:
«Nunca tinha ouvido um elogio tão forte e sentido, a
um não fumador activo, pelos frequentadores do seu escritório.
Embora ele nunca fumasse, nunca proibiu ninguém de fumar no seu espaço de trabalho e local de abrigo e de escrita, nem mesmo depois das proibições oficiais e da "publicidade assassina" nos maços de cigarro.
Depois de escutar os amigos, quase sem jeito, desculpou-se que sempre gostou do cheiro do tabaco.
Mas do que ele gosta muito, muito mais do que do cheiro do tabaco, é da liberdade.»
Embora ele nunca fumasse, nunca proibiu ninguém de fumar no seu espaço de trabalho e local de abrigo e de escrita, nem mesmo depois das proibições oficiais e da "publicidade assassina" nos maços de cigarro.
Depois de escutar os amigos, quase sem jeito, desculpou-se que sempre gostou do cheiro do tabaco.
Mas do que ele gosta muito, muito mais do que do cheiro do tabaco, é da liberdade.»
Esse inebriante
cheiro da liberdade.
Os fumos, os gins...
Rigorosas
instruções médicas, não lhe permitem fumar o cachimbo, as cigarrilhas, os
charutos.
Tem dias, não muitos, em que não consegue resistir…
O Gainsbourg tem
uma canção em que diz que Deus é um fumador de Havanos e o Eça de Queiroz em AIlustre Casa de Ramires tem esta tirada:
«Mas reparando que escolhera um charuto,
distraidamente o trincara:
- Oh! Perdão, minha senhora… ia fumar sem saber se V.
Exª…
Ela saudou descendo as longas pestanas:
- O cavalheiro pode fumar; o Sanches não fuma, mas eu
até aprecio o cheiro»
O cheiro do charuto incomodava a mulher de Groucho Marx.
Um dia disse-lhe:
- Ou eu os charutos!...
- Então ficamos bons amigos!
Um dia disse-lhe:
- Ou eu os charutos!...
- Então ficamos bons amigos!
Legenda: Edward G. Robinson no filme Key Largo, um delicioso filme negro de John Huston
2 comentários:
Também eu comecei por ficar pasmado com a beleza das fotografias no Largo da Memória e fui ficando agora não só pelas fotografias.
A propósito de fotografias o homem da foto de hoje foi dos maiores actores de cinema que vi até hoje. Um actor fantástico.
O Largo, é realmente, um sítio que dá gosto frequentar.
Ontem, uma certa melancolia dos fumos que já não devia frequentar, mas a carne é fraca, fez-me ir à procura deste texto do Luís Eme, que, juntamente com outros, estão guardados numa pasta em que há apenas citações de fumos.
Quanto ao Edward G. Robinson, o Seve tem toda a razão: é um dos maiores actores de cinema. Já não há daquilo. Aliás o filme «Key Largo», donde tirei a fotografia, não sendo do melhor John Huston, é um bom filme negro com um elenco em que, para além do Robinson, aparecem Humphrey Bogart e Lauren Bacall.
Por fumos, lembrar John Huston, nos últimos momentos de vida, garrafa de oxigénio ao lado da cama, ainda ter força para berrar: «Não há aí ninguém que me traga a porcaria de um charuto??!!»
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