O Ofício de Matar
Frank Gruber
Tradução: Mascarenhas
Barreto
Capa: Lima de
Freitas
Colecção Vampiro
nº 159
Livros do
Brasil, Lisboa s/d
Mort Murray fora a causa de tudo. Mort Mirray, o
editor de cada Homem um Sansão, o livro que proporcionara a Johnny Fletecher e
a Sam Cragg um modo de vida para tantos anos, Mort Murray, esse rochedo de
Gibraltar, esse farol na costa rochosa, esse amigo-em-azar-é-amigo-sem-par.
Mort Murray desiludira-os. Na hora de aperto,
desemparara Johnny Fletcher e Sam Cragg. Não pagara a renda e o xerife
ferrara-lhe um cadeado na porta. Dessa forma, ficara impossibilitado de expedir
os livros que Johnny encomendara, à cobrança, Pela Western Union.
E agora, Johnny e Sam vagueavam pelas ruas de Chicago,
sem casa e cheios de fome. Tinham feito sonos intermitentes nas estações da
Northwestern da Union, mas é impossível passar-se bem a noite naqueles sítios.
Os bancos são duros e há sempre polícias e empregados a incomodar quem dorme.
As coisas corriam mal.
Silenciosamente, Johnny e Sam viraram para o Norte na
Larrabee Street e silenciosamente também passaram pelos edifícios escuros das
fábricas de North Side. Naqueles edifícios havia quem trabalhasse levantando
barris, deslocando cestos e caixas de cartão e accionando máquinas estridentes.
Chovia e nevava; por vezes, o vento uivava e, de outras, o sol brilhava
esplendorosamente. Mas quem se encaixara entre aquelas paredes, alheava-se de
tudo isso. Chegava-se ao trabalho às oito da manhã, labutava-se durante todo o
dia e, às cinco horas, voltava-se para casa. As pessoas começavam a trabalhar nessas
fábricas ainda muito jovens; rapazes e raparigas apaixonavam-se e casavam-se.
Tinham filhos e estes, por sua vez iam trabalhar nas mesmas fábricas. Era
fatal. Por vezes, esses operários mudavam de emprego. Saíam de uma fábrica e
iam para outra. O trabalho era, pouco mais ou menos, o mesmo; o salário também,
mas o horário nunca mudava
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