A Ilustre Casa de Ramires
Eça de Queiroz
Lello & Irmão –
Editores, Porto s/d
Tenho horror à África. Só serve para nos dar
desgostos. Boa para vender, minha senhora! A África é como essas quintarolas,
meio a monte, que a gente herda duma tia velha, numa terra muito bruta, muito
distante, onde não se conhece ninguém, onde não se encontra sequer um estanco;
só habitada por cabreiros, e com sezões todo o ano. Boa para vender.
Gracinha enrolava lentamente nos dedos a fita do
avental:
- O quê! Vender o que tanto custou a ganhar, com
tantos trabalhos no mar, tanta perda de vida e fazenda?!
- Quais trabalhos, minha senhora? Era desembarcar ali
na areia, plantar umas cruzes de pau, atirar uns safanões aos pretos… Essas
glórias de África são balelas.
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