Uma noite, o Bono, vocalista dos U2, tinha vindo jantar com uns amigos.
Passar aquele tempo com o Bono foi como jantar num comboio – parece que estamos
em movimento, a caminho de algum sítio. Bono tem a alma de um poeta antigo e há
que ser cuidadoso quando se está perto dele. Ele pode rugir até a terra tremer.
É também um filósofo envergonhado. Trouxe umas Guiness com ele. Estávamos a falar de coisas de que se fala quando se passa o
Inverno com alguém – falámos sobre Jack Kerouac. O Bono conhece o material de
Kerouac bastante bem. Kerouac, o homem que celebrizou cidades americanas como
Truckee, Fargo, Botte e Madora, cidades que a maioria dos americanos nunca
tinha ouvido falar. Era até estranho que Bono conhecesse melhor o Kerouac do
que a maioria dos americanos. Bono diz coisas que mexem com qualquer um. É como
aquele tipo dos velhos filmes, aquele que dá uma sova a um bufo com as próprias
mãos e lhe arranca uma confissão. Se Bono tivesse vindo para a América na
primeira metade do século tereia sido polícia. Ele parece saber muito sobre a
América e o que não sabe tem curiosidade em saber
Bob Dylan em Crónicas
Legenda: Bono
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