O questionário do
professor Riley da Mota levantou, no país, uma onda de indignação. A coeducação
seria uma porta aberta para a entrada, na nossa doce pátria, das víboras do
comunismo. Coeducação quer dizer sexo, sexo quer dizer imoralidade, imoralidade
quer dizer desprezo pela doutrina do senhor. O jornal Novidades, pertença da Igreja, abateu-se
sobre o questionário do pobre Rikley da Mota como lâmina coruscante. Os
professores não têm nada que responder às perguntas subversivas do senhor
Director-Geral porque resposta já foi dada, há muito, com luminosa visão, pelo
Santo padre Pio XI na sua encíclica Divini Illius Magister. Assim o diz aquele
jornal do dia 17 de Janeiro de 1946, em letras carregadas de negro: “Responde
Pio XI”. E transcreve parte da encíclica, ajustada à situação. “Erróneo e
permissivo à educação cristã é o chamado método da coeducação, baseado para
muitos no naturalismo negador do pecado original, e ainda, para todos os
defensores deste método, sobre uma deplorável confusão de ideias que confunde a
legítima convivência com a promiscuidade e igualdade niveladora. O Criador
ordenou e dispôs a convivência perfeita dos dois sexos somente na unidade do
matrimónio e gradualmente distinta na família e na sociedade.”
Eu falei em comunismo
e não estava a gracejar. O mesmo jornal, três dias depois do que citei, enchia
uma das suas páginas com este título: “A coeducação ou o assalto da escola pelo
processo soviético”, isto é, comunista.
Rómulo de Carvalho em Memórias
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