O Banco Central Europeu - cuja actuação tem sido a de continuar a alimentar o processo especulativo e a própria crise - perante o agravar dos problemas em Espanha e em Itália, já "admite" reforçar o fundo de resgate e coloca a "possibilidade" de os fundos de resgate comprarem dívida pública no mercado. Olhando o rumo que o BCE tem seguido, isso pode não significar mais do que um encanar a perna à rã.
Entretanto, utilizar ou não a designação e a formatação de um "resgate" é em grande medida indiferente, pois as políticas que estão no terreno a ser implementadas, lá como cá, têm o mesmo cariz e conduzem à destruição de emprego, à fragilização da economia, ao aumento das desigualdades, ao empobrecimento, à degradação da democracia.
Os nossos governantes prosseguem na construção da intrujice, do logro com que pensam continuar a submeter os portugueses. Insistem na tese de que Portugal terá êxito seguindo o comportamento do "bom aluno", quando sabem muito bem que quando as coisas correm mal é o aluno que acaba por ser acusado de algum desvio e nunca o professor. Ora eles, como todos os portugueses e portuguesas atentos, também sabem que a crise é sistémica e que a cartilha que nos impuseram está repleta de erros e falsidades, aprisionando inexoravelmente o desenvolvimento da generalidade dos países, mesmo que em tempos diferenciados e com diferentes intensidades.
Manuel Carvalho da Silva, Jornal de Notícias
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