Escrevi «Born to Run» sentado à beira da minha cama,
numa casa de campo recém-alugada, no número 7/2 de West End Court, em West Long
Branch, New Jersey. Na altura estava mergulhado num frenesim de descoberta do
rock’n’roll dos anos 50 e 60. Tinha posto uma pequena mesa com um gira-discos
ao lado da minha cama, e só precisava de rebolar sonolentamente para pôr a
agulha a deslizar sobre aquele que fosse o meu álbum preferido do momento. À noite
desligava as luzes e deixava-me embalar até à terra dos sonhos pelas vozes de Roy
Orbison, Phil Spector ou Duane Eddy. Aqueles discos falavam-me de uma maneira
que a maior parte do rock produzido no final da década de 60 e início da década
de 70 não conseguia fazer. Amor, trabalho, sexo, diversão. O romantismo obscuro
de de Orbison ou de Spectro estava em sintonia com a minha ideia de romance,
com o próprio amor a mostra-se uma enunciação arriscada. Aquelas eram gravações
bem trabalhadas, a tresandarem de inspiração, servidas por grandes canções,
grandes vozes, grandes arranjos instrumentais e excelentes músicos.
Bruce Springsteen em Born to Run
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