segunda-feira, 17 de abril de 2017

AS TERRAS DOS SONHOS


Escrevi «Born to Run» sentado à beira da minha cama, numa casa de campo recém-alugada, no número 7/2 de West End Court, em West Long Branch, New Jersey. Na altura estava mergulhado num frenesim de descoberta do rock’n’roll dos anos 50 e 60. Tinha posto uma pequena mesa com um gira-discos ao lado da minha cama, e só precisava de rebolar sonolentamente para pôr a agulha a deslizar sobre aquele que fosse o meu álbum preferido do momento. À noite desligava as luzes e deixava-me embalar até à terra dos sonhos pelas vozes de Roy Orbison, Phil Spector ou Duane Eddy. Aqueles discos falavam-me de uma maneira que a maior parte do rock produzido no final da década de 60 e início da década de 70 não conseguia fazer. Amor, trabalho, sexo, diversão. O romantismo obscuro de de Orbison ou de Spectro estava em sintonia com a minha ideia de romance, com o próprio amor a mostra-se uma enunciação arriscada. Aquelas eram gravações bem trabalhadas, a tresandarem de inspiração, servidas por grandes canções, grandes vozes, grandes arranjos instrumentais e excelentes músicos.

Bruce Springsteen em Born to Run

Legenda: Long Branch, New Jersey pintura de Winslow Homer


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