quinta-feira, 27 de abril de 2017

OLHAR AS CAPAS


O Caso do Olho de Vidro

Erle Stanley Gardner
Tradução: Lino Vallandro
Capa: Cândido Costa Pinto
Colecção Vampiro nº 33
Livros do Brasil, Lisboa s/d

- Os procuradores distritais têm o hábito de desejar obter condenações. É natural. A polícia reúne as provas e depõe-as no regaço do procurador do distrito. A ele compete obter a condenação. Na realidade, a fama dum procurador do distrito baseia-se na percentagem de condenações sobre o número de processos julgados.
- Continue – disse Mason.
-Quando assumi este cargo – disse Burger – quis ser consciencioso. Tenho horror a acusar uma pessoa inocente. A sua actuação impressionou-me. Você, provavelmente, não concordará com a conclusão a que cheguei a esse respeito.
- Qual é a conclusão – interrogou mason.
- Que você é melhor detective do que advogado, e isso não importa desdouro à sua capacidade jurídica. A sua técnica forense é hábil, mas inteiramente baseada numa solução correcta do caso, previamente alcançada. Quando você recorre a estratagemas pouco ortodoxos, como parte da sua tática forense, reprovo-os; mas quando os emprega para obter uma solução correcta para o mistério, aplaudo-os. Eu tenho as mãos atadas. Não posso recorrer a táticas arbitrárias, espectaculares. Às vezes desejaria fazê-lo, especialmente quando acho que uma testemunha está a mentir acerca da identidade de um criminoso.
Mason disse lentamente:
- Uma vez que você está a ser franco para comigo, coisa que nenhum outro procurador do distrito jamais fez, vou ser franco para consigo, coisa que, diga-se de passagem, eu nunca me dei ao trabalho de fazer com qualquer outro procurador do distrito. Não pergunto a um homem se ele é culpado ou inocente. Quando consinto em representá-lo, recebo-lhe o dinheiro e trato do seu caso. Culpado ou inocente, ele tem o direito de ser defendido; mas seu chegasse à conclusão de que um dos meus clientes era realmente culpado de homicídio e não estava moral ou legalmente justificado, faria esse cliente confessar o crime e confiar-se à clemência do tribunal.

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