A capa da edição
do Círculo de Leitores de Aforismos &Desaforismos de Aparício,
de José Rodrigues Miguéis, é amarela e sem qualquer título ou nome do autor.
Existe uma
sobrecapa, mas o volume que comprei num alfarrabista, já não a tinha.
Essa sobrecapa,
que acima se publica, retirei-a do Catálogo da Exposição Comemorativa do Centenário do Nascimento de José RodriguesMiguéis.
Este volume da
obra de Miguéis, reúne os «Tablóides» que durante sete anos foram publicados no
Diário Popular, uma colaboração que Jacinto Baptista, jornalista, escritor
e amigo de José Rodrigues Miguéis, lhe solicitara em 1979 e que se prolongou
até perto da morte do escritor.
Trata-se da
secção, com o mesmo título, que Miguéis mantivera em tempos na Seara Nova,
interrompida em data que não consegui averiguar, mas com recomeço, na mesma Seara
Nova, no seu nº 1447, Maio de 1966.
São pequenos
«fait-divers» e comentários breves a temas nacionais e estrangeiros.
Dou comigo a meditar, por vezes, se o que escrevo
nestes «Tablóides» é na realidade o que penso, ou se é fruto espontâneo da
fantasia ficcional do escritor – isto é o que diriam imaginárias personagens de
novela! Pendo antes a crer, hoje, que não devo responder pelo respectivo
conteúdo, a não ser como obra de ficção. Escrevo o que me acode ao bico da
pena, automaticamente. A minha razão poderia com frequência opor-se-lhe!
O volume poderia
chamar-se, simplesmente, «Tablóides», mas o autor quis que fosse Aforismos
&Desaforismos de Aparício, personagem que aparece em O Espelho
Poliédrico, em quatro capítulos, mas com o título de Aforismos &Venenos de Aparício.
Em carta, datada
de 8 de Abril de 1978, e dirigida a Jorge de Sena, escreve sobre os seus
«Tablóides:
Enfim, virei velho-ranzinza. Os meus venenos
empeçonham-me a vida. Só me têm valido os «Tablóides» onde vou vertendo com
cautela uma gota deles de vez em quando. Já levo mais de CEM colunas no
Popular.
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