«O poema diz: Há pombos esquecidos nas estátuas desta
cidade naufragada. Mastros de sombra escrevem o teu nome e em cada letra
reconheço a madrugada. Mulheres e homens, enlaçados de cansaço, dormem um sono
fundo, com raízes. Das margens desse sono se levantam as pedras das palavras
que não dizes. Foge o mar dos meus dedos entre a noite, e a noite é uma canção
que te procura. Nos meus olhos ardem estrelas encharcadas que rodeiam de azul a
tua altura. Cada esquina é um cais à tua espera. Faróis e candeeiros chamam por
ti. Como um sonho deslizo e permaneço na rua da janela onde te vi. Finalmente
os pombos largados, partindo desta estátua que tu és».
Dinis Machado em
O Que Diz Molero
Legenda; não foi
possível identificar o autor/origem da fotografia.
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