Porto, 1 de Setembro de 1967
Querido Jorge,
Cheguei há dias de Londres – que é a maravilha que
sabe – e encontro em casa as suas Novas Andanças, que havia lido há muito.
Alegrou-me que, finalmente, você me tenha perdoado o meu silêncio, que só tem a
ver com o meu desespero e onde até a ternura e a amizade podem morrer à míngua
de palavras, E, contudo, se ainda vivo, é na esperança de que à vida as
palavras possam restituir uma possível dignidade. Algumas palavras, e entre
elas contam-se as suas. Eis porque nada de quanto V. escreve me passa
despercebido, o que é raro, nesta língua, a que ambos damos o que temos de
melhor para dar.
Jorge de Sena/Eugénio
de Andrade em Correspondência
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