quarta-feira, 26 de abril de 2017

SER-SE OU NÃO UM INTÉRPRETE


As canções temáticas não eram canções de protesto. O termo «cantor de protesto» já não existe, tal como o termo «cantor-compositor». Era-se ou não se era um intérprete, era disto que se tratava – era-se ou não se era um cantor folk. «Canções de discórdia» foi um termo usado mas, mesmo esse, era raro. Tentei explicar mais tarde que não me via como um cantor de protesto, que tinha havido um grande engano. Achava tanto que estivesse a protestar contra o que quer que fosse quanto achava que as canções do Woody Guthrie protestavam contra alguma coisa. Não via Woodie como um cantor de protesto. Se ele é, então Sleepy John Estes e Jerry Roll Morton também são. Andava a ouvir com muita regularidade as canções de revolta e essas sim, realmente mexiam comigo. Cantava a toda a hora as canções dos The Clancy Brothers – Tom, Paddy e Liam – e do companheiro deles, Tommy Makem.

Bob Dylan em Crónicas

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