Veio a K, com o Carlos. Pensei: De que me serve ser um
nacionalista angolano, ser um homem verdadeiro, ser o Luandino Vieira, toda a
gente a falar bem de mim, muita gente ter medo de mim, mais ainda terem
esperança em mim, ser exemplo etc. etc. etc. se nem sequer posso acompanhar a
L.?
Sim, para que serve? – Pode haver coisas que nos façam
merecer a liberdade; não há nada que a substitua. Todos os prazeres e orgulhos
dessas coisas não valem o minuto de prazer de acompanhar a K.
(e calo-me para não dizer mais coisas destas!)
*
(Fugiu a disposição para trabalhar. Merda pr’a mim!)
José Luandino
Vieira em Papéis da Prisão
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