quarta-feira, 24 de maio de 2023

OS LIVROS TÊM DE SAIR DAS TRIPAS

Nunca li nenhum livro de Javier Cercas.  

Mas no Ipsilon, suplemento das sextas-feiras do Público de 12 de Maio, atravessei-me numa entrevista, conduzida por José Riço Direitinho, e gostei.

 Não irei desalmado ler Javier Cercas. Tenho tanto livro para ler, outros que quero mesmo reler, o tempo vai-me faltando, mais qualquer coisa.

A entrevista tem por título: «Os livros têm de sair das tripas».

Recorto-vos este pedacinho:

«Um leitor que não saiba que os livros nos mudam a vida não é um bom leitor. Um leitor cuja vida não tenha sido mudada por um livro não sabe ler. Porque os livros mudam o mundo mudando a percepção que o leitor tem do mundo. Todos sabemos que isso nos aconteceu com determinados livros. Talvez não de maneira tão radical como aconteceu com Melchor. Mas ele é o melhor leitor que eu conheço, é o contrário de um intelectual, é um selvagem, um bárbaro. Horácio disse: a História fala de ti. Isso é o que sentimos quando lemos um livro importante. Isso é o que Os Miseráveis fez com Melchor, pôs-lhe um espelho diante».

José Riço Direitinho diz-nos quem é Melchor, citado atrás:

«É em Terra Alta (Porto Editora, 2020) que cria o carismático polícia Melchor Marín – originário de um dos bairros mais problemáticos de Barcelona, filho de uma prostituta, e que conhece a prisão muito jovem. Mas nessa estada no cárcere, conhece o "Francês", o bibliotecário da prisão, que lhe dá a ler Os Miseráveis, de Victor Hugo, e a sua vida muda. E anos depois prossegue num pequeno lugar catalão, Terra Alta, "onde nada acontece". Mas Javier Cercas não se ficou por este romance com o polícia Marín e decidiu contar mais histórias; o terceiro volume acaba de ser lançado em Portugal, O Castelo do Barba-Azul.»

3 comentários:

Seve disse...

Do Javier Cercas, gostei de "Os soldados de Salamina" mas já não gostei tanto de "As leis da Fronteira" e de "O impostor".
Agora o que aconselho é "PÁTRIA" do Fernando Aramburu.

Sammy, o paquete disse...

Desde os 12/13 anos tornei-me um leitor compulsivo. Hoje já não corro muito em busca de autores novos. Passei a reler mais os meus autores de sempre. Os autores de que o Seve fala, também não os li. Apesar de muito ler, tenho muitas e diversas lacunas e uma lista considerável de livros deixados a meio, outros comprados e nunca lidos. E o meu tempo é cava vez mais curto.

Seve disse...

Custa-me deixar um livro a meio mas actualmente nem tanto, pois se à página 50/60 ainda estou a "mastigar" largo-o mesmo, embora fique a matutar se lesse mais umas páginas talvez me entusiasmasse, mas não, se à página 60 não estou agarrado, "deslargo-o" mesmo.
Ó Sammy eu gostei imenso do PÁTRIA do Fernando Aramburu.