sábado, 13 de maio de 2023

RODEADOS POR MENTECAPTOS ACÉFALOS


Aumentam os sem-abrigo nas cidades.

São milhares e milhares os portugueses que ainda não têm médico de família.

Os estudantes universitários não encontram casas, quartos, a preços acessíveis nas cidades para onde foram estudar,

O governo está repleto de incompetentes. «No jobs for the boys», disse António Guterres quando um dia chegou a primeiro-ministro do reino, ou chover no molhado, chorar sobre o leite derramado.

Mas há dias, o governo aprovou as mudanças na lei do tabaco, que incluem a proibição de fumar em esplanadas à porta de restaurantes, cafés, ao ar livre junto a escolas, faculdades.

«Não sou fumador. Mas detesto que outros escolham o que é bom para mim. E o que a Lei do Tabaco vem criar, na senda do fundamentalismo americano que atravessou o Atlântico e chegou à Europa, é uma sociedade de delatores e um grupo social de párias. De delatores, porque os cidadãos são incentivados a denunciar aqueles que fumam em espaços onde tal será proibido, se não o fizerem de moto próprio, os respectivos proprietários. De párias, porque são tratados como um grupo que tem de ser erradicado da sociedade. Não há produto sobre o qual, na Europa e nos Estados Unidos, mais campanhas têm sido feitas, a explicar os seus malefícios. Haverá muito poucos cidadãos europeus, com mais de 18 anos, que não saibam que o tabaco pode provocar cancro, impotência e outras doenças. Mas, dito isto, deixem-nos exercer o nosso direito a decidir. Deixem-nos escolher se queremos ir a um restaurante onde se pode fumar ou não. Deixem-nos escolher se comemos chouriços e morcelas ou alimentos vegetarianos. Deixem-nos andar a uma velocidade decente nas estradas e não a uns irracionais 120 km/h. Deixem-nos assar sardinhas no carvão, matar o porco nas aldeias, ir a touradas. Dêem-nos toda a informação. Mas não escolham por nós o que devemos fazer. Só assim teremos uma sociedade responsável e não um grupo de mentecaptos acéfalos, prontos a obedecer sem pensar ao primeiro tiranete que subir ao palco»

Nicolau Santos, jornalista no ano de 2010.

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