O Caso Benson
S. S. Van Dine
Tradução: Pepita de
Leão
Capa: Cândido da
Costa Pinto
Livros do Brasil,
Lisboa s/d
- Faça-me o favor de pedir à senhora Platz que me empreste uma fita
métrica e um novelo de fio; o Procurador Geral precisa disso – acrescentou,
fazendo uma reverência para o lado de Markam.
- Não creio que pretenda enforcar-se, retorquiu este.
Vance olhou-o repreensivo e depois disse suavemente:
- Permita-me que lhe recomende o Othello:
Quão miseráveis são
os que não têm paciência!
Que ferida jamais
sarou, senão aos poucos?
Ou – descendo de um poeta para um espírito vulgar – deixe-me apresentar
à sua consideração um pensamento de Longfellow: «Todas as coisas vêm às mãos
daquele que sabe esperar». Falso, sem dúvida, mas consolador. Melhor o disse
Milton no seu: «Também servem…» Mas Cervantes o exprimiu ainda melhor:
«Paciência e baralha as cartas». Conselho sadio, Markham, e expresso
livremente, como deve ser um bom conselho. Acredite, a paciência é uma espécie
de último recurso – uma prática a adoptar quando já nada há a fazer. Ainda
assim, como virtude, ela às vezes recompensa o que a pratica; posto que, por
via de regra – outra vez como virtude – é inútil. Quer dizer, é a sua própria
recompensa. Entretanto, tem sido enfarpelada em vários trajos verbais: «escrava
da tristeza» e «soberano sobre os meus regenerados»; «paixão dos grandes
corações». Rousseau escreveu: A paciência é amarga, mas o seu fruto é doce. Mas talvez o seu espírito jurídico se incline
mais para o latim: Superanda omnis fortuna erendo est, segundo Virgílio. Horácio também falou no tema: Durum! disse ele, sed levius fit patientia.
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