quarta-feira, 17 de maio de 2017

OLHAR AS CAPAS


O Caso Benson

S. S. Van Dine
Tradução: Pepita de Leão
Capa: Cândido da Costa Pinto
Livros do Brasil, Lisboa s/d

- Faça-me o favor de pedir à senhora Platz que me empreste uma fita métrica e um novelo de fio; o Procurador Geral precisa disso – acrescentou, fazendo uma reverência para o lado de Markam.
- Não creio que pretenda enforcar-se, retorquiu este.
Vance olhou-o repreensivo e depois disse suavemente:
- Permita-me que lhe recomende o Othello:
Quão miseráveis são os que não têm paciência!
Que ferida jamais sarou, senão aos poucos?
Ou – descendo de um poeta para um espírito vulgar – deixe-me apresentar à sua consideração um pensamento de Longfellow: «Todas as coisas vêm às mãos daquele que sabe esperar». Falso, sem dúvida, mas consolador. Melhor o disse Milton no seu: «Também servem…» Mas Cervantes o exprimiu ainda melhor: «Paciência e baralha as cartas». Conselho sadio, Markham, e expresso livremente, como deve ser um bom conselho. Acredite, a paciência é uma espécie de último recurso – uma prática a adoptar quando já nada há a fazer. Ainda assim, como virtude, ela às vezes recompensa o que a pratica; posto que, por via de regra – outra vez como virtude – é inútil. Quer dizer, é a sua própria recompensa. Entretanto, tem sido enfarpelada em vários trajos verbais: «escrava da tristeza» e «soberano sobre os meus regenerados»; «paixão dos grandes corações». Rousseau escreveu: A paciência é amarga, mas o seu fruto é doce. Mas talvez o seu espírito jurídico se incline mais para o latim: Superanda omnis fortuna erendo est, segundo Virgílio. Horácio também falou no tema: Durum! disse ele, sed levius fit patientia.

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