Fomos de táxi ao Palace Hotel, deixámos as malas, marcámos camas no
Sud-Express para essa noite e metemo-nos no bar do hotel a tomar um cocktail. Sentámo-nos nos bancos altos do balcão,
enquanto o barman agitava os Martinis num grande skaker niquelado.
- Tem pida a extraordinária gentiaga que se encontra no bar de um
grande hotel – dosse eu.
- Os barmen e os jockeys são as únicas pessoas que ainda são
delicadas.
- Por vulgar que um hotel seja, o bar é sempre simpático.
- E pândego.
- Os homens dos bares são sempre finos.
- Sabes? – disse Brett. – É apura verdade. Ele tem só dezanove anos.
Não é espantoso?
Tocámos os dois copos, ali sentados lado a lado no bar. Estavam
embaciados. Para lá das cortinas do janelão era o Verão ardente de Madrid.
- Gosto de uma azeitona no Martini – disse eu ao homem do bar.
- E tem razão. Aí está ela.
- Obrigado.
- Eu devia ter perguntado.
E o homem afastou-se pelo bar fora o suficiente para não ouvir a nossa
conversa. Brett provara o Martini sem
o levantar do balcão de madeira. Depois pegou-lhe. Após esse primeiro gole, já
a mão tinha firmeza para o erguer.
- Está bom. Um bar simpático, não é?
- Os bares são todos simpáticos.
Ernest Hemingway em Fiesta
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