Este é o recorte de
uma notícia publicada na última página do Expresso
de 28 de Abril.
Lida a notícia não
consegui entender do porquê do título.
Acresce que a notícia
é um conjunto de disparates, de ignorância crassa, donde ressalta a afirmação
de que Salazar recusou encontrar-se com Paulo VI depois de o Papa, ter recebido
os representantes dos movimentos de libertação das então colónias portuguesas.
Que Salazar
encontrou-se com Paulo VI prova-o a fotografia retirada do nº 1046 de 20 de
Maio de 1967 do Notícias de Portugal
que funcionava como boletim semanal de propaganda da ditadura, editado pelo SNI
– Secretariado Nacional da Informação.
Paulo VI recebeu
Salazar, durante quinze, numa pequena sala da Casa dos Retiros de Nossa Senhora
do Rosário e, segundo o repórter oficial, foi um encontro «muito efectuoso».
Quanto à visita de
Agostinho Neto, Amílcar Cabral e Marcelino dos Santos ao Vaticano no dia 1 de
Julho de 1970, já era Primeiro-Ministro Marcelo Caetano e Salazar aguardaria
mais 27 dias para que chegasse a sua morte física.
Houve, realmente, um
contencioso entre Salazar e o Papa Paulo VI, mas ocorreu por causa da visita
que, em Outubro de 1964, o Papa, por ocasião do Congresso Eucarístico Mundial,
realizou à União Indiana.
Franco Nogueira, ministro
dos Negócios Estrangeiros, em conferência de imprensa, no 21 de Outubro de 1964,
disse aos jornalistas:
Temos de considerar a visita do Papa Paulo VI a Bombaim como um agravo
gratuito, no duplo sentido e que é inútil e de que é injusto, praticado pelo
Chefe do Catolicismo em relação a uma Nação católica.
Salazar exigiu que o
Cardeal Cerejeira expressasse ao Vaticano que considerava essa visita um
ultraje à nação portuguesa, três anos depois de depois de a União Indiana, Dezembro
de 1964, ter retirado a soberania portuguesa a Goa, Damão e Diu.
As televisões são o
que são, os jornais acompanham-nas freneticamente.
É estranho que num
auto intitulado jornal de referência, não haja um qualquer editor que tenha
lida a peça e, face a erros tão crassos, não tenha carregado de imediato na
tecla «delete».
O problema é que, nos
tempos que correm, as redacções dos órgãos de comunicação social encheram-se de
estagiários licenciados em Comunicação Social que não lêem, não estudam e vivem
em alegre ignorância.
Será que existirá a humildade para uma
declaração simples: «O Expresso errou»!
Esperarei sentado.
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