domingo, 7 de maio de 2017

A IGNORÂNCIA À SOLTA!

Este é o recorte de uma notícia publicada na última página do Expresso de 28 de Abril.

Lida a notícia não consegui entender do porquê do título.

Acresce que a notícia é um conjunto de disparates, de ignorância crassa, donde ressalta a afirmação de que Salazar recusou encontrar-se com Paulo VI depois de o Papa, ter recebido os representantes dos movimentos de libertação das então colónias portuguesas.

Que Salazar encontrou-se com Paulo VI prova-o a fotografia retirada do nº 1046 de 20 de Maio de 1967 do Notícias de Portugal que funcionava como boletim semanal de propaganda da ditadura, editado pelo SNI – Secretariado Nacional da Informação.


Paulo VI recebeu Salazar, durante quinze, numa pequena sala da Casa dos Retiros de Nossa Senhora do Rosário e, segundo o repórter oficial, foi um encontro «muito efectuoso».

Quanto à visita de Agostinho Neto, Amílcar Cabral e Marcelino dos Santos ao Vaticano no dia 1 de Julho de 1970, já era Primeiro-Ministro Marcelo Caetano e Salazar aguardaria mais 27 dias para que chegasse a sua morte física.

Houve, realmente, um contencioso entre Salazar e o Papa Paulo VI, mas ocorreu por causa da visita que, em Outubro de 1964, o Papa, por ocasião do Congresso Eucarístico Mundial, realizou à União Indiana.

Franco Nogueira, ministro dos Negócios Estrangeiros, em conferência de imprensa, no 21 de Outubro de 1964, disse aos jornalistas:

Temos de considerar a visita do Papa Paulo VI a Bombaim como um agravo gratuito, no duplo sentido e que é inútil e de que é injusto, praticado pelo Chefe do Catolicismo em relação a uma Nação católica.

Salazar exigiu que o Cardeal Cerejeira expressasse ao Vaticano que considerava essa visita um ultraje à nação portuguesa, três anos depois de depois de a União Indiana, Dezembro de 1964, ter retirado a soberania portuguesa a Goa, Damão e Diu.

As televisões são o que são, os jornais acompanham-nas freneticamente.

É estranho que num auto intitulado jornal de referência, não haja um qualquer editor que tenha lida a peça e, face a erros tão crassos, não tenha carregado de imediato na tecla «delete».

O problema é que, nos tempos que correm, as redacções dos órgãos de comunicação social encheram-se de estagiários licenciados em Comunicação Social que não lêem, não estudam e vivem em alegre ignorância.

 Será que existirá a humildade para uma declaração simples: «O Expresso errou»!

Esperarei sentado.

Sem comentários: