sexta-feira, 19 de maio de 2017

MOSTRAR EM VEZ DE DIZER


Tinamos um concerto marcado no Hammersmith Odeon, um recinto no coração de Londres. Quando encostamos ao passeio junto à porta, o cartaz luminoso Diz: «FINALMENTE!! LONFRES ESTÀ PRONTA PARA BRUCE SPRINGSTEEN». Parece-me que o tom não é lá o melhor para nos apresentar. Talvez seja… demasiado pretensioso? Ao entrar, sou inundado por um mar de pósteres colados em tosos os espaços possíveis e folhetos em cada cadeira a proclamar-me como o PRÓXIMO ESTRONDOSO SUCESSO! Era como o beijo da morte! Geralmente é melhor deixar que seja o público a decidir sobre essas coisas. Estou com medo e chateado, mesmo muito chateado. Sinto vergonha por mim e sinto-me ofendido pelos meus fãs.. Não é assim que as coisas funcionam. Eu sei como funcionam. Já o fiz antes. Bico calado e tocar. O meu negócio é o negócio do espetáculo, ou seja de mostrar em vez de dizer. Não se diz nada às pessoas; mostra-se às pessoas e deixamos que elas decidam. Foi assim que cheguei aqui: MOSTRNDO às pessoas. Se tentarmos dizer às pessoas aquilo que elas devem pensar, vamos terminar a vida como um fascistazinho a pregar na Madison Avenue. Ei, senhor estrela do rock desapareça da minha cabeça e faça o favor de andar nos meus sapatos e de entrar no meu coração. É assim que se faz o nosso trabalho. É assim que nos apresentamos.

Bruce Springsteen em Born to Run.

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