Tinamos um concerto marcado no Hammersmith Odeon, um recinto no coração
de Londres. Quando encostamos ao passeio junto à porta, o cartaz luminoso Diz:
«FINALMENTE!! LONFRES ESTÀ PRONTA PARA BRUCE SPRINGSTEEN». Parece-me que o tom
não é lá o melhor para nos apresentar. Talvez seja… demasiado pretensioso? Ao
entrar, sou inundado por um mar de pósteres colados em tosos os espaços
possíveis e folhetos em cada cadeira a proclamar-me como o PRÓXIMO ESTRONDOSO
SUCESSO! Era como o beijo da morte! Geralmente é melhor deixar que seja o
público a decidir sobre essas coisas. Estou com medo e chateado, mesmo muito
chateado. Sinto vergonha por mim e sinto-me ofendido pelos meus fãs.. Não é
assim que as coisas funcionam. Eu sei como funcionam. Já o fiz antes. Bico
calado e tocar. O meu negócio é o negócio do espetáculo, ou seja de mostrar em
vez de dizer. Não se diz nada às pessoas; mostra-se às pessoas e deixamos que
elas decidam. Foi assim que cheguei aqui: MOSTRNDO às pessoas. Se tentarmos
dizer às pessoas aquilo que elas devem pensar, vamos terminar a vida como um
fascistazinho a pregar na Madison Avenue. Ei, senhor estrela do rock desapareça
da minha cabeça e faça o favor de andar nos meus sapatos e de entrar no meu
coração. É assim que se faz o nosso trabalho. É assim que nos apresentamos.
Bruce Springsteen em Born to Run.
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