«O que me enrugava a disposição era tão intraduzível como isto: a imagem do meu estúdio em Paris a dizer coisas indigestas: «Meu filho, meu filho, porque me abandonaste?» O estúdio vazio, com as marcas todas de espaço onde um homem vive só.
Tentei
concentrar-me no meu aqui-agora, que era aquela estação terminus. Então ocorreu-me (inesperadamente) que uma
estação terminus é sobretudo como um
sino: pode repicar de casamento ou dobrar a finados.
Senti
– concreta – a possibilidade de retomar viagem na direcção de todas as outras
cidades do planeta. Seria isso o que me arrepanhava? O arrepio da encruzilhada
quando um tipo se calha está perdido? Uns anos antes tinha sentidod coisa mesmo
assim, em Istambul. Mas com direcção concreta, a dizer-me «vem daí»: por um triz
de triz estivera para tomar o transiberiano Istambul-Pequim. Ao lá vai disto, a
ver.»
Nuno Bragança em Square Tolstoi
Legenda: Estação ferroviária de Porta
Nuova, Turim.
Nuno Bragança começa assim Square Tolstoi: «O pressentimento de estar tropeçando no destino. Sabem como é?»
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