Alexandre O’ Neill, em tempos de ditadura, poetizava que o medo tem tendência natural para ter tudo e pensava no que o medo ia ter e tinha medo, que é justamente o que o medo queria e assim perfilados de medo, cada um por seu caminho, chegaríamos a ratos, sim, a ratos.
Lembra-se
que a avó muitas vezes dizia que quem tem cu tem medo, mas que quem tem medo devia
comprar um cão.
Pedro
Tadeu, hoje, no Diário de Notícias escreveu:
«O medo de um governo de direita, que as inúmeras sondagens anteriores às
eleições tornaram, erradamente, uma possibilidade viável na cabeça de muitos
eleitores, levaram a uma concentração de votos da população de esquerda no
Partido Socialista, com sacrifício do Bloco e da CDU, e originaram uma grande
vitória pessoal de António Costa.»
Henrique
Bento Fialho no seu blogue Antologia do Esquecimento:
«O discurso do voto
útil, o medo de ver o tiranete Rui Rio no poder, coligado com uma horda de
tontos, hipócritas e corruptos, pesou. O medo pesa sempre muito. Daqui a quatro
anos, o mais provável e ninguém ter votado PS. Aconteceu o mesmo com Sócrates.
As pessoas têm memória, mas é curta e só serve para o que lhes serve. A paz,
que o pão, a saúde, a habitação, a gente cá se vai amanhando. Agora é olhar em
frente e continuar a lutar por quem trabalha, trabalhando com quem luta. Viva a
democracia, viva a liberdade, viva Abril.»
Se
isto fosse a sério, se as empresas de sondagens não estivessem ao serviço não
se sabe bem de que mandaretes, era tempo de colocar toda aquela gente no desemprego a que
se juntaria os palavrosos-parvónios- -comentaristas de serviço pelas
televisões.
Sim,
houve o medo, mas é bom que se diga que isso, pouco ou nada, explica o tsunami eleitoral
que ontem aconteceu.
2 comentários:
Parece-me óbvio que os eleitores que "fugiram" do BE e da CDU quiseram penalizar aqueles dois partidos, pelo chumbo do orçamento.
Concordo com a sua observação mas essa provável fuga não justifica tudo o que aconteceu. Acima de tudo faltam uma série de pormenores que me permitissem ter outros olhares sobre o que sucedeu. Não é com os papagaios televisos que se podem alcançar os tais pormenores. Vou aguardar essas fontes mas elas demorarão o seu tempo.
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