Dito já que começaram as iniciativas que visam registar o centenário do nascimento de José Saramago, acrescenta-se que irei pegando num qualquer livro de José Saramago e copiarei dele uma frase, um parágrafo, aquilo que constitui os milhares de sublinhados que, ao longo dos muitos anos de leituras, invadiram os livros de José Saramago que habitam a Biblioteca da Casa.
Eusébio nasceu em Lourenço Marques no
dia 25 de Janeiro de 1942.
José Saramago nunca foi muito de
futebóis. Por influência do pai terá sido sócio do Benfica. No livro José Saramago: A Consistência dos
Sonhos, na página, 25 podemos vê-lo, aos 11 anos, com o emblema do clube na
lapela do casaco.
Mas no dia 25 de Abril de 1995, escreve
no 3º volume dos seus Cadernos de
Lanzarote:
«O motorista do táxi que me leva a
Grande central Station pergunta-me se sou espanhol: algo lhe deveria ter soado
desse género aos ouvidos. Do género ibérico, digo, uma vez que não admitiu a possibilidade
de eu ser argentino ou mexicano. Respondi-lhe como devia, uma vez que à pátria
não há que renega-la nunca. Então vejo abrir-se no espelho retrovisor um
sorriso feliz, cintilar um olhar deslumbrado, e ouço, deformada por uma
pronúncia atroz, muito pior do que tinha sido a minha, a mágica palavra:
«Eusébio.» Surpreendido, julgando ter ouvido mal, pedi-lhe que repetisse, e ele
repetiu: «Eusébio, Eusébio…» Tantos anos passados sobre os seus tempos de
glória, o nosso Eusébio de Moçambique ainda tem quem o recorde no Novo Mundo.
E, como se isto fosse pouco, um motorista de táxi, de quem não cheguei a apurar
as origens, sabia que ele era português…»
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