O
Chefe de Estação Fallmerayer
Joseph Roth
Tradução e introdução cronológica:
Álvaro Gonçalves
Colecção Gato Maltês nº 85
Assírio & Alvim, Lisboa, Março de
2019
Chovia e o ar estava tépido. Nunca o chefe de estação Fallmerayer assistira à chegada tão prematura da primavera. Os comboios-expresso que iam em direcção ao Sul para Merano, para Trieste, para Itália nunca paravam na sua minúscula estação. Os comboios-expresso passavam a uma velocidade vertiginosa por Fallmerayer, que, duas vezes por dia, aparecia na plataforma a cumprimenta-los com o seu boné vermelho reluzente; esses comboios degradavam o chefe de estação quase à categoria de guarda-linha. Os rostos dos passageiros nas grandes janelas desvaneciam-se numa massa branca-acinzentada. Raramente o chefe de estação Fallmerayer conseguia ver o rosto dum passageiro que viajava em direcção ao Sul. E para o chefe de estação o «Sul» era o mar, o mar feito do sol, da liberdade e da felicidade.
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