Várias foram as tentativas que Jorge de Sena projectou para fazer Diários.
Mécia já nos avisara dessas dificuldades.
Estamos com o Diário de Jorge de Sena que abrange
os anos de 1953/54.
A maior parte dos dias são ocupados com visitas aos
seus pares, amigos, as leituras que vai fazendo, a música que vai ouvindo, os trabalhos e as traduções
que tem entre mãos.
Iremos voltando às páginas dos seus Diários.
Diz Sena:
«Quem me manda a mim sonharmcom Índias, mísero e
poeta, num país de loucos?»
Estamos no ano de 1953, no mês de Dezembro e copio
estes dias:
10.
Tradução
11.
Tradução
20.
Com um intervalo no café – a conversa incidiu sobre
o Bispo de Beja e a sua pastoral probida – dia de tradução.
Ouço o muito belo para mim novo 5º concerto para
piamo do Prokofieff.
25.
Telefonou o (António José) Saraiva a contar que
esteve preso desde domingo até ontem. Fora com mais 50 pessoas ao aeroporto
fazer recepção à Maria Lamas. Foi tudo engavrtado em Caxias, de onde ele saiu,
mas onde ainda muitos ficaram. Claro que o nosso Silas lá está. E também o
Keil, a Maria Keil e O’Neill, o Cortesão Casimiro, etc.. etc. Em todo o caso,
creio que, se não os tivessem prendido – o que é uma coisa ridícula – teriam ficado
desconsoladíssimos, pelo menos alguns como o Silas.
Dia inteiro de tradução.
28.
Num estado de cansaço insuportável (tanto trabalho,
tanta arrelia), parei de traduzir para ouvir o concerto de violino em si maior,
de Mozart-Casadeus e o 6º quarteto de Bela Bartok.
Legenda: imagem do Jornal da Voz do Operário

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