espero que me calhe
aquela fava
que é costume meter no
bolo-rei:
quer dizer que o comi,
que o partilhei
no natal com quem mais
o partilhava
numa ordem das coisas
cuja lei
de afectos e memória em
nós se grava
nalgum lugar da alma e
que destrava
tanta coisa sumida que,
bem sei,
pela sua presença
cristaliza
saudade e alegria em
sons e brilhos,
sabores, cores, luzes,
estribilhos...
e até por quem nos
falta então se irisa
na mais pobre semente a
intensa dança
de tempo adulto e tempo
de criança.
Vasco
Graça Moura
Poema retirado de Natal… Natais

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