Dedicácias
Seguido de
Discurso da Guarda
Jorge de Sena
Nota Prévia de
Mécia de Sena
Guerra e Paz
Editores, Lisboa, Março de 2010
A César o que é
e César
Se se tem génio, quanto a gente diga
é pretexto para ser-se desprezado:
que mau é tudo (embora sirva sempre
para todos fazerem disso o melhor de si mesmos).
Se se é medíocre e para mais dotado
de partes baixas de que os outros possam servir-se
por procuração (e em Portugal toda a gente sonha
com dar o cu dos outros como se fora o próprio),
tudo é pretexto para ser-se admirado,
respeitado, amado em poluções nocturnas,
e quanto se diga – ou mesmo se não diga –
é maravilhoso até por não dar sombra.
Nem vale a pena pensar duas vezes
e acabar este poema que sei – sem dúvida –
ai muito mau, não é verdade, amigos?
LONDRES, 5 de Fevereiro de 1973

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