Estas coisas valem o que têm de valer ou o que cada um quer que valham.
Para uns muito, para outros assim assado, para outros nada.
Soube-se agora que Vertigo, de Alfred Hitchcock, foi eleito o melhor filme de todos os tempos pela revista Sight and Sound, publicação do British Film Institute, deixando para trás Citizen Kane de Orson Welles, que estava há 50 anos no top.
A revista, que de dez em dez anos, convida um painel de jurados especializados na área para nomear os melhores filmes de sempre, publicou nesta quarta-feira os novos resultados. Desta vez, ao contrário das últimas cinco décadas, os 846 distribuidores, críticos e académicos votaram na sua maioria no filme de Hitchcock.
Aos poucos, Vertigo, interpretado por James Stewart e Kim Novak,tem vindo a ocupar o lugar que, muito injustamente, durante anos não lhe foi reconhecido.
Scottie (James Stewart, antigo inspector da polícia demitido por causa da sua tendência para as vertigens, é encarregado por um velho amigo de lhe vigiara a mulher, Madeeleine (Kim Novak, muito bela e cujo estranho comportamento leva a recear um suicídio. Ele vigia a mulher, segue-a, salva-a de um afogamento voluntário, apaixona-se por ela, mas não consegue, devido às vertigens, impedi-la de se precipitar do alto de um campanário.
Sentindo-se responsável pela sua morte, é acometido por uma depressão nervosa, depois retoma uma vida normal até ao dia em que encontra na rua a sósia de Madeleine. Não era a mulher, mas sim a amante do amigo de Scottie, e foi a mulher deste que foi lançada, depois de morta, do alto do campanário.
Os amantes diabólicos tinham montado esta maquinação para fazer desaparecer a importuna, contando tirara partido da doença de Scottie, que o impediria de subir Madeleine atá ao alto do campanário.
Quando, no fim, Scottie compreende que Judy era Madeleine, arrasta-a à força até ao campanário, supera a vertigem, vê a jovem aterrorizada cair no vazio com ao abalo e vai-se embora. Se não feliz, pelo menos liberto.
Esta é a sinopse feita por François Truffaut para o livro que reine as muitas conversas que manteve com Alfred Hitchcock. (1).
Este filme de Hitchcock provoca sempre acaloradas discussões. Porque cada espectador que o vê, interpreta-o à sua maneira, consoante sentimentos secretos do seu gosto e, nunca se chega a um consenso, o que apenas, para além resto, serve para valorizar o filme.
Curiosamente, nas citadas conversas de Truffaut com Hitchcock, Truffaut nunca revela um grande entusiasmo pelo filme, os seus favoritos são Janela Indiscreta, em que o acompanho, e Difamação.
O próprio Hitchcock considera que o filme não foi um êxito nem um fracasso, deu para cobrir as despesas, o que na visão de Hitchcock é um fracasso.
Por fim, e para que se veja o quão discutível são estas listas dos melhores-seja-do-que fôr, são estes, para quem votou no inquérito da Sight and Sound os dez melhores filmes de sempre:
1. Vertigo – A Mulher que Viveu Duas Vezes (Hitchcock, 1958)
2. Citizen Kane - O Mundo a seus Pés (Welles, 1941)
3. Viagem a Tóquio (Ozu, 1953)
4. A Regra do Jogo (Renoir, 1939)
5. Aurora (Murnau, 1927)
6. 2001- Odisseia no Espaço (Kubrick, 1968)
7. A Desaparecida (Ford, 1956)
8. O Homem da Câmara de Filmar (Dziga Vertov, 1929)
9. A Paixão de Joana d'Arc (Dreyer, 1927)
10. 8½ (Fellini, 1963)
(1) – Hitchcock Diálogo com Truffaut, Publicações Dom Quixote, Lisboa, Fevereiro de 1967.
Sem comentários:
Enviar um comentário